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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Mais alianças

Nenhuma  parte da nossa vida está tão exposta ou vulnerável como aquela que mais amamos. Se compararmos isto com Freud - somos um corpo exposto a mil feridas -, percebemos a distância entre  a leitura de ligação de um clássico ( Séneca) e o solipsismo hodierno. Sim, a ferida pode ser a perda do outro, mas o acento é sempre o sofrimento pessoal, enquanto que em Séneca é  a dependência do outro: a nossa vida é o outro.
Alianças, ligações. Não precisamos de viver muito para compreender o peso delas, mas, e falo por mim, a minha profissão foi-me obrigando a descobrir-lhes novas qualidades. Nestes tempos de dureza material, tentei fotografar como elas se reequilibraram. O  dinheiro é uma categoria escorregadia para estes assuntos, mas também é um bom teste.
Noto, em pessoas que até já acompanho há muito tempo,  que o empobrecimento não revela piores facetas onde havia laços de sangue . Já nas alianças orgânicas ( por oposição às mecânicas durkheimianas) , a coisa pia mais fino. Se há uniões/casamentos que estão a sobreviver, sobretudo as que têm filhos, o tom geral é de individualismo. Bem, a selva quando nasce é para todos.

4 comentários:

  1. O caro FNV revela uma extraordinária queda para a misantropia desalmada. Uma misantropia total, em tudo (mesmo naquela colectividade encarnada que, dizem, joga à bola...dizem, não sei!!). Mas, acaso nos seus 21 anos de análise de tragédias, quedas e perdições não lobrigou nada de nada que o comovesse ao encanto e, sobretudo, à esperança no indivíduo!!?? É que mesmo a sua evocação da graça é, de certo modo, relutante!!
    Cordialmente,

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  2. Isso é bom, porque é sinal que não perde muito tempo a ler-me. Já escrevi muito sobre " a esperança no indivíduo".

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  3. Caro FNV, não agrave que não é caso para isso.
    Limito-me a ler o que tem escrito, por aqui. Sou, todavia, um seu leitor recente. O que lhe li apontado à tal esperança foi, como lhe disse ali, de alguma forma, relutante. Mas isso sou eu a ler, mal talvez. Além do mais a esperança é tema que pouco me interessa ou comove. Interessam-me, sobretudo, as boas e interessantes contradições.
    Um bem haja para si

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    Respostas
    1. Não agravo nada. Volte sempre.
      A esperança é como o cigarro: sabe bem, faz mal e acaba depressa.

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