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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Corpo a corpo

"Sou gorda e pesada - respondeu - mas também sou amorosa". 
Bordenave é o personagem da novela de  Bioy Casares, Dormir al sol ( 1973). É um desgraçado que quer recuperar a mulher internada num hospício. Voltarei ao título porque  tem muito sumo, mas fiquemos hoje com esta tirada maravilhosa.
O corpo está  hoje sob fogo amigo. Recusamos a sua decadência e fazemos  a alegria do IRS de cirurgiões plásticos, esteticistas e ginásios. Ao contrário do que dizem os preguiçosos, a tensão entre o ideal apolíneo e o dionisíaco é velha e clássica.  O corpo belo e perfeito também é velho. O que há de novo é a angústia apolínea. A cinquentona julga que a vida melhora  se eliminar as rugas, a lolita  cuida que tal passa por implantes de silicone nas mamas.
A verdade é que o corpo tem um sujeito que é o seu senhor, não o seu escravo.

2 comentários:

  1. é.

    a quase-quarentona mas com madeixas - au naturelle - à cinquentona vai à cabeleireira. "ó Rita Maria não tem idade para tantos cabelos brancos, pintamos?" não. sem manifesto anti-tintas. não me chateiam os brancos, não me chateiam as tintas das outras. mas aborrece-me o que nos vendem: os corpos perfeitos, a casa perfeita, o carro perfeito, o emprego-para-a-vida perfeito, a família perfeita. tudo saído de um livro perfeitamente ilustrado, com direito a capa dura forrada a tecido. na estante, já bafiento.

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  2. a pressão exterior é imensa, sim. para a tal perfeição, que não é apenas física.
    já agora, não ataca só o género feminino.

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