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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Das variações do humor ( I)


É um enorme ecossistema.  Cabe lá tudo. Da pessoa mais desequilibrada à mais ajustada, da maior fingidora à genuína desesperada. Esta pequena série  excluirá, com uma ou outra excepção,  os grandes quadros psicopatológicos. São alvo de intensa  atenção psiquiátrica e ainda mais intensa intervenção farmacológica, não lhes serve  o meu alvo : o autodomínio e o treino comportamental.
As variações de humor são normais. As variações de humor podem causar  efeitos anormais. Aqui reside o ponto: são os efeitos  que  causam problemas, porque vivemos entrelaçados. Se vivermos nus numa ilha isolada, os efeitos das nossas variação de humor são irrelevantes.
Em regra, as variações  de humor  são impetuosas ( deixo  de fora o jargão clínico) e as pessoas só contabilizam os efeitos depois do ímpeto.  Um ataque de lassidão depressiva ou uma descarga feroz sobre um familiar  criam uma situação  que podia ser evitada e com benefício para o próprio sujeito. Ou seja, não são respostas/adaptações   a necessidades externas. 
Não existe  uma  estratégia universal. É por isso que , para mim, 90% da psicologia é treta. A batalha é rua a rua, porta  a porta. Cada sujeito tem de ser estudado e conhecido. O objectivo comum, esse sim, é sempre o mesmo: mostrar à pessoa  que pode  conter as variações de humor a um ponto em que elas não  prejudicam a relação com o mundo em que vive. No fundo, aceitar a imperfeição.

13 comentários:

  1. Gosto da solução, Filipe, embora me pareça difícil na prática.

    Penso muitas vezes que as pessoas gostam mais da mentira que da verdade.

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    1. Não é uma "solução", é um meio, como verás ao longo da série, Luís...

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    2. A mentira e um meio perigoso que acaba sempre por cair. E quando descoberto e difícil de lidar tanto para um lado como para o outro. Licinia costa

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  2. Sendo impossível o "controlo" sobre as variações de humor, é fundamental o espaço que damos ao Perdão (humildade). Não somos os donos disto tudo.
    Um abraço tipo Clássico.

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    1. Discordo em parte: o controo é possível, muitas pessoas o têm conhecido.Quanto ao perdão lá iremos, sim.

      abraço tipo maior potência universal do reino do sjeovás

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    2. Sim, sim. Acredito que seja possível se não fizer mais nada na vida.
      Jeovás? Isso não será do cotovelo?

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    3. Concordo com o autodomínio e treino, embora haja muita gente a acreditar, talvez por ser mais facil , nos químicos para resolução das variações de humor sejam elas causadas da forma que forem. Contudo a proposta de Fnv e mais difícil mas mais eficaz e aprende-se a conhecermo-nos melhor e os outros e evitar muitas coisas desagradáveis que poderão ser mais tarde de difícil resolução, além de que o desafio e sempre trás mais aconchego. Não esquecer que vivemos numa sociedade cada vez mais problemática e o domínio de nós mesmos e aceitação da imperfeição e extremamente importante a meu ver.
      Quanto ao perdão ... Já e outro osso como diz o Fnv. Comparo-o, bem ou mal, quem sou eu, ao esquecer.
      Licinia costa

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  3. Adorei, venham elas. Bom Ano, caríssimo.

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  4. nisto de conter / controlar / conviver com as variações de humor e a ser possível - que o é - como aliviar a carga da parafernália mental de todo este processo que é demasiado dado à dissecação para avaliar aquilo que é excessivo de forma a evitar danos.

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  5. Gostei...trabalhe, trabalhe onde está o próximo da série?

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  6. Sobre o assunto, de outro modo escreveu Pessoa : "Todas as coisas se desviaram da imperfeição. Todas as coisas participam na imperfeição e estão abrangidas pela ideia de perfeição." Não é?

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  7. "...90% da psicologia é treta...
    Peço desculpa mas não concordo. Trata-se de uma margem péssimista e gostaria que se fosse possivel me demonstrassem o contrário.
    Felizmente julgo que ainda temos um lote razoável de psicoterapeutas e psicólogos clinicos que não se integram na classe de charlatães ou pessoas que exploram a boa-fé dos clientes, inculcando os próprios méritos e erudição , para os enganar. Acredito que nas escolas e universidades estes profissionais não tenham a preparação adequada, mas segundo a boa técnica do desenrasca nacional , acredito que bastantes deles até venham a tornar-se bons e razoáveis profissionais . Quantos são ? não sei , Presumo que não haja dados fidedignos e precisos sobre esses números. No entanto acredito plenamente que a maioria deles sejam na verdade impreparados e adeptos de fórmulas quase mágicas que são aplicadas á semelhança do Prozac para as depressões quando apareceu, (lembram-se que era anunciado como a cápsula da felicidade...). Resumindo e concluindo e com base na experiência própria julgo salvo melhor opinião que apenas 10 % de psicologia válida é capaz de ser um número demasiado péssimista. Alguém é menos optimista do que eu ?

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