Desleixei a depressão colectiva porque estes foram dias de casos difíceis, de momentos tensos nas psicoterapias ou nos acompanhamentos. As piores situações, e sou um psicoterapeuta calejado ( velho), são as de beco sem saída.
Por vezes, ainda que esquadrinhando todo o terreno e magicando todas as alternativas, não se consegue abanar o doente. A pessoa desesperada tende a deixar cair a razão e coloca-me um problema do caraças: como ajudar quem está tão lúcido?
É claro que existem graus. Uma mãe que não suporta o recém-nascido, uma que não tem a certeza se para o ano terá problemas com o IRS, um mulher sem anqueos nem horizonte etc. Em comum, a tal lucidez: já experimentaram tudo, as balas fazem sempre ricochete.
Por outro lado, são estes casos que nos põem à prova como terapeutas. As minhas armas ( falo por mim) são um longo arquivo de situações, e seus desençaces, e a confiança que vem da experiência, sobretudo a mais preciosa: a dos erros que já cometi. As malabarices psis, as teorias e o mambo-jambo não valem aqui um tostão furado.
Depois, outra subversão à ortodoxia psi. Nem empatia nem simpatia, nem distância nem flirt com as pacientes. Aliança política, um objectivo comum perseguido sem compromissos com mais nada: Nós-2, Desespero-1.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.