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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O excruciante problema da antecipação


" O meu mal é que antecipo muito as coisas" também é das frases no top ten do meu gabinete. Deixemos a canga da obsessão grave, da cisma anancástica : um termo que caiu em desuso, ainda tenho fichas antigas de doentes  dos anos  60,  feitas pelo meu pai, com essa palavra.  Olhemos para a coisa nas personalidades  comuns.
Antecipamos tanto as coisas boas como as más. O problema é que  antecipação do bom não nos provoca angústia. Antecipar o mau , numa justa medida, pode ser bom: prepara-nos. Numa medida desmesurada imobiliza-nos. Então por que o fazemos?
Uma resposta pode estar no passado. Pessoas que já viveram situações terríveis tendem a familiarizar-se melhor com potenciais incómodos. São os realistas depressivos. O real é o produto do nosso olhar,  que, inevitavelmente, não se consegue desviar.  Resta-te viver.
O grande, o maior, diz isto muito melhor do que eu:

It is possible, possible, possible. It must
Be possible. It must be that in time
The real will from its crude compoundings come.



2 comentários:

  1. AH, sim claro, mas o amigo dele não lhe ficava atrás: "Tanta coisa depende / de // um carrinho de mão/vermelho // reluzente de gotas de / chuva // so lado das galinhas / brancas." Não sei se é antecipação se uma descontração antecipativa, mas, curiosamente lembrei-me. A antecipação não é uma desculpa da imobilidade, ou a imobilidade é uma desculpa da antecipação?

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    Respostas
    1. Também gosto muito do W.Carlos Williams .
      Boa dúvida, lá irei um dia , até por causa do ócio/preguiça.

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