" O meu mal é que antecipo muito as coisas" também é das frases no top ten do meu gabinete. Deixemos a canga da obsessão grave, da cisma anancástica : um termo que caiu em desuso, ainda tenho fichas antigas de doentes dos anos 60, feitas pelo meu pai, com essa palavra. Olhemos para a coisa nas personalidades comuns.
Antecipamos tanto as coisas boas como as más. O problema é que antecipação do bom não nos provoca angústia. Antecipar o mau , numa justa medida, pode ser bom: prepara-nos. Numa medida desmesurada imobiliza-nos. Então por que o fazemos?
Uma resposta pode estar no passado. Pessoas que já viveram situações terríveis tendem a familiarizar-se melhor com potenciais incómodos. São os realistas depressivos. O real é o produto do nosso olhar, que, inevitavelmente, não se consegue desviar. Resta-te viver.
O grande, o maior, diz isto muito melhor do que eu:
It is possible, possible, possible. It must
Be possible. It must be that in time
The real will from its crude compoundings come.
AH, sim claro, mas o amigo dele não lhe ficava atrás: "Tanta coisa depende / de // um carrinho de mão/vermelho // reluzente de gotas de / chuva // so lado das galinhas / brancas." Não sei se é antecipação se uma descontração antecipativa, mas, curiosamente lembrei-me. A antecipação não é uma desculpa da imobilidade, ou a imobilidade é uma desculpa da antecipação?
ResponderEliminarTambém gosto muito do W.Carlos Williams .
EliminarBoa dúvida, lá irei um dia , até por causa do ócio/preguiça.