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sábado, 23 de agosto de 2014
Pesadelos
Os maiores pesadelos não são a dormir, como toda a gente sabe.
Ela, a C., é daquelas mulheres que nunca esteve no meu gabinete mais de um minuto sem se sorrir e rir . É do norte, tem aquele jeito de restinga ( feitio de fox terrier) , anda pelos trinta e muitos , é bonita tipo gaiata. Fomos trabalhando o que havia para trabalhar ( o feitio...) e tudo se encaminhava para a conclusão. Eis senão quando.
Ela tem dois filhos, o mais pequeno arrastava há dois anos uns sintomas da área da endocrinologia. Falávamos ocasionalmente disso como quem fala do aquecimento global. No outro dia veio a confirmação. O miúdo tem cancro.
Ela vai-me actualizando a coisa no email, eu envio-lhe beijos ( à distância sou simpático). Sei, bem demais, o que a espera. Na melhor das hipóteses, um longo pesadelo do qual vai acordar esgotada mas feliz. Na pior, a culpa, o esquadrinhar de todas as decisões, a burocracia do desespero.
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Sim, não são a dormir.
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