Uma coisa que não podemos fazer na velhice é reescrever a nossa história,
isso fica para exercícios destes ( quem sofre de imaginação errática tem estes escapismos). Como ficamos?
Quem vive no eixo estóico, com mais ou menos dificuldade, tenta sacar o máximo de cada dia. Não, não se trata de aproveitar o dia: carpe diem, em Horácio, é despede-te do dia. O negócio, como dizem os brasileiros, também não é viver cada dia como se fosse o último ( isso fica para Hollywood e James Dean).
O que se passa é que cada dia é único, total, completo:
Levantas-te de manhã, bebes café, reservas as férias de Agosto, fazes as contas ao IMI a pagar no fim do mês, enfias-te no carro em direcção a Lisboa, passas a portagem e um velho de 85 anos, em contramão, esmaga-te de tal forma que os bombeiros precisam de duas horas para te desencarcerar.
Tu e o velho , o futuro e o passado, realizam o resto da promessa de Horácio " e não esperes nada do dia de amanhã".