"Fui uma sacrificada" e "sacrifiquei-me toda a vida pelos filhos" são linhas emocionais que emparelham bem com "não estou para abdicar da minha liberdade por filhos" e "não preciso de ter filhos para ser feliz". Todas estão certas. As duas primeiras porque é assim que a mulher se quer definir, as duas segundas porque filhos são opções e não são essenciais para a felicidade.
Todas estão erradas:
1) Mesmo nas condições mais terríveis ( por ex, campos de refugiados e/ou pobreza extrema), uma mãe emocionalmente saudável não sente como sacrifício abdicar de um pedaço de pão velho para o filho. Já numa cidade europeia, uma rica mãe talvez julgue ser um sacrifício continuar casada ou perder uma hora de sono por causa da criança, mas é uma ilusão: a manutenção do casamento dependerá mais da manutenção do nível de vida e uma hora de sono recupera-se não trabalhando tanto para pagar o silicone.
2) A nossa liberdade depende de muita coisa: do regime político em que vivemos, do nosso amor-próprio, de termos sido amados ( ou de superar o inverso), de sobrevivemos à inveja doentia. De filhos não depende de certeza. A nossa suposta felicidade são bocados soltos de tudo o que a vida tem e filhos são vida. A menos, claro, que a mulher imagine que não ir passar o fim de semana fora sempre que lhe apetece é uma limitação à sua liberdade ou que a felicidade é fazermos o que quisermos; como os velhos comedores de ópio.
Lembro-me de uma senhora do povo, duriense, que contra a vontade do marido escolarizou as cinco filhas. Passou trabalhos piores do que os do Benito Prada. Disse para a televisão: Sacrifício? Que disparate. Fiz com todo o gosto e voltaria a fazer. Quanto à liberdade e à felicidade, entendidas como no ponto 2, cruzo-me amiúde com uma mulher que passeia todos os dias dois cãezinhos impecavelmente vestidos: Dão imenso trabalho, nem queira saber, mas são tão queridos..
Gosto tanto de "o" ler. Obg. Dulce
ResponderEliminarobrigado eu pela amabilidade.
EliminarConsolidação do meu olhar perante a vida , ao lê-lo, e de associá-lo a >Coimbra...
ResponderEliminarEu mãe e quase avó, criadora solitária a partir dos 33 anos de idade e com um saldo elevadíssimo. O" sacrifício" que pensamos poder fazer em determinadas circunstâncias confunde-se com "pena de"...
O egoísmo de algumas elites de que fala, não passam de uma forma de estupidez natural . Pessoas sem alma.
saudações figueirenses... :)
saudações minhas e... respeitosas.
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