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domingo, 30 de agosto de 2015

Body talk

A propósito da referência que o leitor faz aos tipos  que deixam crescer a pança ( aí em baixo): sou favorável à  moda  ( já  antiga...) do body talk.
Faço, aos 50 anos ( em Dezembro),  três séries de  dez repetições com 60kg  na  press de banco  e tantas elevações na barra como fazia na tropa com 26. Porquê? Por duas razões:
a) o esforço físico é-me essencial para o bem estar geral.
b) nunca suportei a ideia de um corpo flácido ou asténico.

Os tipos que se deixam engordar ou amolecer são respeitáveis, claro, mas  julgo que se esquecem de um detalhe: se  o corpo fala, convém que se perceba.

Um leitor, aí em baixo, no penúltimo post:

"Sou técnico de emprego. Atendo semanalmente muitas mulheres que se sentam à minha frente com vontade de repor a vida nos carris.
Gosto de mulheres.
Quando a crise chega – o desemprego, a doença, o que for – eles são os que bazam. E o mais espantoso é que, mais das vezes, uma paixoneta e rabo de saia é mais do que suficiente para legitimar a cobardia e falta de responsabilidades. E se não têm isso, tudo lhes serve para fundamentar o alargar da pança e arrastar de chinelos em calções a mostrar os grafitis e arneis com que reconstroem a identidade.
Elas, que há meia dúzia de anos arrasavam enquanto procuravam emprego “na minha área” no pst-licenciatura, sentam-se agora, de costas direitas, olhando de frente. Bem arranjadas, com roupa que se vê ser do chinês, deixam ver as fotos dos filhotes enquanto puxam pelo cartão de cidadão.
Há na vidas destas pessoas um clique, um passe de mágica, na curva de uma vida que deixa atrás uma felicidade de gangas de marca, madeixas e curtes, e faz ver pela frente uma montanha de Sísifo que enfrentam sem pedantismo nem heroísmo.
Não sei bem de onde é que sacam os créditos de dignidade com que levantam a cabeça.
Não será à “família”, à “escola” ou à televisão. Até pode ser a tudo.
Mas tenho para mim que é aos filhos .
Os filhos são das mães".

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Por falar nisso: "cê entendeu a pergunta dele?"

Elas e as rupturas


Muito mais difícil. Há nas mulheres - que acompanhei e acompanho - uma recusa suave da ruptura, que demora, às  vezes, mais do que o tempo que  a relação durou. Pode ser um acaso, uma coincidência no meu gabinete, mas é um acaso que se repete há vinte anos ( antes trabalhei como psicólogo, mas não fazia psicoterapia, não tinha calo suficiente). Falo de uma faixa etária em média entre os 30 e os 60. São mulheres crescidas, quase sempre com fibra, génio e coragem. O que  aumenta o mistério: por que raio não os esquecem?
Na altura em que escrevo isto vejo as caras e os corpos de muitas delas. Muitas horas tensas no gabinete, esquadrinhando as frases, as culpas, os remorsos. Por vezes filhos pelo meio, técnicas sexuais, coisas de dinheiros, até violência. No final, sempre o mesmo: como é que ele me fez isto?
É impossível ter esta profissão e não ir ganhando um respeito imenso por elas. Seguram o centro, ligam a família, trabalham que nem galegas.
Talvez o problema seja , em parte, este: investem tanto neles como no resto. Um erro fatal, como Vasco de Lima Couto explica : só agradeço o que peço / e não o que mereço.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Cidadelas


Um dos piores  indicadores da situação de alguém é o estado da casa. Não me refiro às paredes ou à conservação do soalho. A nossa casa é, tem de  ser, o nosso refúgio. Chegar depois de um dia cansativo  a uma casa onde  de forma permanente  nos envolvemos em gritaria virulenta  ou em desprezo calculado é tentar um caminho  impérvio. 
Um antropólogo francês, em moda nos anos 90, Marc Augé,  falava da retórica familiar: a nossa casa é onde não temos de dar justificações. Por ex, podemos andar de cuecas. Isto é um dos lados. O outro é o do reconhecimento. Quem connosco vive conhece os nossos ritmos e vice-versa. Isto  proporciona, ou devia, uma harmonia razoável. 
Bem sei que harmonia familiar é uma expressão que os neuróticos  mal-resolvidos e mal-amados  têm diabolizado desde os anos  60 a pretexto da liberdade contra a opressão familiar-burguesa. Como o resultado foi um espectacular aumento do consumo de ansiolíticos e antidepressivos, concluo que tanto a asfixiante família tradicional ( que  a havia...) como o masturbação narcísica são más cidadelas.
Do que falo aqui é de uma coisa simples, inscrita numa ordem muito antiga: somamos muito mais do que somos individualmente.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

pub

Vão aqui votar.Por enquanto está na página 4.
Precisamos d e 50 votos para poder concorrer.
Podem ver já:https://www.youtube.com/watch?v=aOBJTXs02kE

sábado, 15 de agosto de 2015

Quais férias?

O  turismo é o passatempo de ir ver o que se tornou banal,  enquanto indivíduos isolados em conjunto: as casa de férias são pseudocolectividades  que acompanham o indivíduo isolado na pseudo-comunidade ( Debord). Sim, conhecem todos as teses da coisa espectacular que se auto-consome, mas eu , como sou um rapaz simples, acrescento um ponto. 
Como é que alguém saudável entra em modo de férias  por exigência do calendário escolar dos filhos ou da organização da empresa ou do serviço?  É como se nos dissessem que no mês que vem comeremos bacalhau podre ( é uma receita e muito boa) todos os dias às 17h. Porquê? Porque sim.
Não  é assim estranha a neura de férias, muitas vezes confundida nas publicações de tarot ( revista do Expresso ou do Público por ex) com o a neura do regresso ao trabalho. O problema não é voltar, é ter ido.