Um dos piores indicadores da situação de alguém é o estado da casa. Não me refiro às paredes ou à conservação do soalho. A nossa casa é, tem de ser, o nosso refúgio. Chegar depois de um dia cansativo a uma casa onde de forma permanente nos envolvemos em gritaria virulenta ou em desprezo calculado é tentar um caminho impérvio.
Um antropólogo francês, em moda nos anos 90, Marc Augé, falava da retórica familiar: a nossa casa é onde não temos de dar justificações. Por ex, podemos andar de cuecas. Isto é um dos lados. O outro é o do reconhecimento. Quem connosco vive conhece os nossos ritmos e vice-versa. Isto proporciona, ou devia, uma harmonia razoável.
Bem sei que harmonia familiar é uma expressão que os neuróticos mal-resolvidos e mal-amados têm diabolizado desde os anos 60 a pretexto da liberdade contra a opressão familiar-burguesa. Como o resultado foi um espectacular aumento do consumo de ansiolíticos e antidepressivos, concluo que tanto a asfixiante família tradicional ( que a havia...) como o masturbação narcísica são más cidadelas.
Do que falo aqui é de uma coisa simples, inscrita numa ordem muito antiga: somamos muito mais do que somos individualmente.
Daí o desafio que representam os filhos e enteados, as adolescências, manter o território são e neutro. Para que o amor possa vingar.
ResponderEliminarAcho que és capaz de achar isto interessante: http://joaotavora.blogs.sapo.pt/xadrez-532934
ResponderEliminarAbraço tipo Rui Vitória.
O que é um mal-amado? Essa expressão sempre me intrigou :)
ResponderEliminarah...mas até das mais simples de explicar , desafio aceite
EliminarSomamos muito mais do que somos individualmente.
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