Tão banal que nem o DN nem o Público hoje o trazem na capa. Se isto não é normal, o que é normal?
Nas campanhas contra os queruscos, na Germânia, os romanos empregavam um verbo para definir as razias que faziam nos campos: vastare ( esvaziar) . O nosso devastar inclui o prefixo latino de ( totalmente). Ou seja, esvaziar tudo.
A diferença do massacre normal para as pequenas matanças diárias, ainda mais normais, tão normais que talvez sintamos a falta delas se um dia acabarem, ou se se reduzirem, é ...nenhuma. A devastação de uma só família não vale menos do que a de três ou quatro.
Não vale a pena explicar que se quatro activistas ambientais , ou imigantes, ou ciganos, ou activistas LGBT fossem degolados em meia hora numa aldeia minhota , a comoção na Lisboa mediática letrada era brutal. Medidas urgentes eram exigidas. E , sem dúvida nenhuma, com toda a razão.
Só podemos especular sobre a indiferença. Desde a disfuncional pulseira electrónica do Manuel Palito ao sossego com que o alegado autor do massacre de Barcelos vivia num sítio onde viviam testemunhas do espancamento que ofereceu à filha, à ex-sogra e, provavelmente , à ex-mulher.
Talvez a máquina judicial e a mediática-lisboeta pensem o mesmo: são coisas lá deles, de matarruanos, de terras de couves e gado.
Serei eu porventura a estar errado . Voltemos aos romanos. Massacre radica vagamente em macacre, macecle, termos franceses antigos derivados do macellum romano: talho.
Nada mais vulgar do que um sítio onde se cortam costeletas.
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