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terça-feira, 21 de março de 2017

Diário de um psicólogo ( 31)

Já estou mais desconfiado  das novas línguas de bacalhau.  Estava habituado à cor marfim das anteriores.  Ainda não as fiz, óbvio, porque estão  a marinar  na receita da Bé. As expectativas.
A Expectativa é a amiga gorda da Esperança. É mais calma e descontraída. Ninguém aguarda o resultado de  uma biópsia  com a expectativa de se safar; tal como nenhuma grávida está de expectativas.
Ainda assim gosto de ambas. Há o tio, o Pessimismo blasé. Fuma cachimbo, usa lenço ao pescoço, masturba-se aos sábados  e brinca com comboios. Continuo a gostar mais delas: acreditam mais na vida do que nelas.


As minhas línguas nunca ficavam como as da Bé, do Carrossel, na Cova Gala, terra de pescadores. Um dia  apertei-a. Levou-me à cozinha e mostrou-me a marinada. As expectativas precisam sempre de uma boa professora.

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