Já estou mais desconfiado das novas línguas de bacalhau. Estava habituado à cor marfim das anteriores. Ainda não as fiz, óbvio, porque estão a marinar na receita da Bé. As expectativas.
A Expectativa é a amiga gorda da Esperança. É mais calma e descontraída. Ninguém aguarda o resultado de uma biópsia com a expectativa de se safar; tal como nenhuma grávida está de expectativas.
Ainda assim gosto de ambas. Há o tio, o Pessimismo blasé. Fuma cachimbo, usa lenço ao pescoço, masturba-se aos sábados e brinca com comboios. Continuo a gostar mais delas: acreditam mais na vida do que nelas.
As minhas línguas nunca ficavam como as da Bé, do Carrossel, na Cova Gala, terra de pescadores. Um dia apertei-a. Levou-me à cozinha e mostrou-me a marinada. As expectativas precisam sempre de uma boa professora.
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