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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Ela apoderou-se de mim



Podia ser  o amok ( lá iremos um dia), mas hoje é outra coisa. Todo  o humano dado à contemplação e ao ócio ( virtudes gregas antigas) a reconhece. É uma mistura de torpor com lassidão. Também ocorre na versão sonolenta. Em O Desbaste do Bosque, Tolstoi anda de volta dela. Ora é o  soldado Velenchuk, que sem ter bebido uma gota se sente atirado para o chão ( ela apoderou-se de mim)  e lá fica, ora é o protagonista, Nikolai Fiodorovitch, que dorme o sono especial e pesado que se tem nos momentos de preocupação perante o perigo.E há também o oficial que discorre sobre o Cáucaso e há outros. Os escritores é que sabem.

Seja como for, é um estado defensivo, de hibernação, como se quiséssemos fazer esperar  o mundo.E é um estado particularmente  adequado aos dias de moinho que vivemos. Uns, cansados da guerra, como Velenchuk, outros, angustiados com o dia seguinte, como Nikolai.
Tenho atendido pessoas que, sem saberem, são personagens desta divagação  de Tolstoi.  Não é bem  depressão, não é bem sonolência, não é bem indiferença. Suspensão?


2 comentários:

  1. Tolstoi tem um boa metáfora para esse estado de alma: "Há quem passe pela floresta e só veja lenha para a fogueira".

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