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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Distâncias, lonjuras



O que acontece  quando queremos ter alguém num contrato de associação mas depois não conseguimos ter ninguém  a tempo inteiro?
A L. é uma mulher 30 anos, bancária, vive sozinha, faz o que gosta. Tem  uma história familiar que a faz desconfiar do purgatório das  boas intenções:  andou de um lado para o outro, entre pais e avós ( problemas de migraçoes, distâncias, chegadas). Passada a fase dos amores em prato do dia, sente agora a falta de um respaldo. Pois, mas tem uma pedra no sapato: como confiar?
A pergunta dela é uma boa pergunta, como dizia o Jim Hacker do  Yes , Minister, porque é uma pergunta que todos fazem, mas atira ao lado. A L. somatizou a ansiedade destes anos e, por incoincidência, foi a pele, a última fronteira, que pagou. Para sobremesa, desenvolveu um jogo de damas com o evitamento fóbico: só está onde pode estar. A ilusão do controlo também tem direito à vida.
O desejo é a distância tornada sensível, registou  um senhor  ( Blanchot) com que incomodo sempre os meus leitores de blogues. Uma das interpretações : o desejo é o que te torna indefeso, é o que anula a  distância. A L. tem olhado para  a confiança como condição prévia e por  isso todas as distâncias lhe parecem estradas de salteadores.

14 comentários:

  1. É o dilema do Ouriço. Quanto mais perto te aproximas, mais me magoas (e eu a ti). Mas como deixar-nos assim tão longe?

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  2. Não percebi muito bem o seu post pode tentar-mo explicar?

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  3. Uma pessoa pode afeiçoar-se facilmente a este post: o tom certo, uma música de fundo criteriosa como o silêncio, os sofás confortáveis evidenciando um uso civilizado, muito bem, até o bastão abandonado na parede do fundo, compondo a decoração.

    :)

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    1. Por acaso tenho, entre outros utensílios do género espalhados pela biblioteca, uma moca de Rio Maior.

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  4. A confiança básica foi às urtigas e penso que só em estados profundamente desequilibrados e carentes essa mulher se entregará a alguém...

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Fui eu que removi o comentario não o Filipe. Não estava na sequencia certa e parecia que respondia ao comentario do Filipe, não sendo o caso. Já pus esta explicação mas não devo ter posto correctamente, não ficou.

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  6. Onde se vai buscar o desejo quando é a distância que nos salva?

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  7. Hummm..se bem entendo, refeer-se a uma relação que só existe porque as pessoas se vêem pouco.
    Bem, isso já não é nada.Talvez funcione se um dos dois estiver na cadeia.

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