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domingo, 13 de outubro de 2013
Titular
Os espíritos como o meu não foram feitos para desenvolver os temas mas unicamente para inventar os títulos. Esta sentença de um dos meus heróis, Alfonso Reyes ( Tres Diálogos, Outubro de 1909), define com raça o funcionamento das mentes práticas, sim, mas também das criativas. A combinação nem sempre existe. Há personalidades práticas nada criativas e, claro, gente criativa muito pouco prática. O que as une é a capacidade de nomear.
Muitas sementes. Titular uma acção, uma morte, um desejo, uma traição, coisas reais das vidas das pessoas. Não serve para nada? Serve, serve...
Inventar títulos, reparem. Reyes escolhe bem as palavras. Significa que muitas vezes criamos uma história dentro da história e titulamo-la. Umas partilhas azedas, uns e-mails dúbios, uma quebra de confiança. Inventamos o título e vivemos com ele. Este poder de nomear o real é prático, porque nos dispensa de desenvolver a trama. Ela, por exemplo: O que ele queria era uma tipa mais nova.
A criatividade é menos neurótica-reprimida. Também inventa títulos, mas na linha maníaca: em vez de tentar dar respostas para os problemas, inventa perguntas sobre os problemas. Um exemplo? O do rapaz que olha para os pais e murmura: Por que é que eles não vivem a vida deles?
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o meu ex-advogado respondeu em tribunal sobre agressão cometida por ele:
ResponderEliminar'não me lembro', 'não sei estava nesse dia em Lisboa', 'não sei porque estou aqui'.