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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Ansiedade e treino ( III): Nixon e balelas


A ansiedade de base pode  sobreviver em personalidades que desconhecem ataques de pânico, rituais compulsivos  e restante parafernália da agitação. É necessário despsicologizar, despsicanalizar, despsiquiatrializar. Gore Vidal disse, a propósito das centenas de psicanalitas e psicólogos - amadores, de ocasião e profissionais  -que chegaram a analisar  o puré de batata que Nixon recusava na infância: Não inflijam esse esterco de cavalo freudiano ao Nixon, ao meu Nixon.
Muitas vezes a ansiedade de base é um sintoma de saúde mental. Tenho em consulta gente que perdeu o emprego, tem um filho preguiçoso ou  cuida de pais demenciados. A ansiedade constante e basal é a  reacção de uma personalidade normal ( homoclítica) a factores ambientais  e relacionais agressivos.
Ainda assim, o treino é necessário. Uma estratégia razoável é evitar a sobrevalorização do factor agressivo. Todos sabemos que quando estamos  preocupadíssimos com uma avaria no automóvel deixamos  de pensar nela se  um filho adoece. Isto lembra, já que falámos em Nixon, a primeira regra de Chotiner ( seu conselheiro de campanha) : as pessoas não votam em alguém, votam contra alguém. Da mesma forma, a nossa ansiedade  natural pode ser atenuada se valorizarmos outras preocupações.
Imagino a reacção do leitor: então substituimos uma dor de cabeça por outra? Sim. O objectivo não é impingir ( diria Vidal) pensamento positivo e outras balelas. O objectivo é anular a excessiva atenção que um factor agressivo nos está a captar. E, de caminho, às vezes até percebemos   que as coisas não são assim tão complicadas.

9 comentários:

  1. Reacção a isto:

    "O objectivo não é impingir ( diria Vidal) pensamento positivo e outras balelas."

    Mas que imagina o Filipe dos seus leitores? Ai.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Não imagino nada, Alexandra, são todos diferentes, pode haver quem goste do pensamento positivo e assim.

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    3. Corroborando o "de fato", a blogosfera portuguesa (para não mencionar outros media), abunda de coach, ou coaching, ou lá o que é aquilo, mas principalmente elaborado por mulheres convictas (e o que isto me lembra 'convicted'?) das suas workshops positivas, as casinhas com chão clarinho, as rosas na jarra, a panqueca quente, o ******* que as ****? Tudo tão a leste (Norte), que uma pessoa nem sabe que lhes responda (não responde), so seasonal (outra vez a cena da natureza clarinha) the person can be.

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  2. fazer uma espécie de matrioshka ao contrário. em vez de abrir e descobrir outras mais pequenas, acrescentamos outras maiores. não me parece que vá dar grande resultado. há-de ser mais eficaz aprender a relativizar.

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  3. Relativizar nem sempre funciona...Eu estes dias nem preciso pensar n1 problema para tapar outro, eles aparecem sozinhos...Agora fiquei sem aquecimento e água quente, yauuuu...a mente vai congelar geral e a conta bancária tb...ai ai..
    Estou a subvalorizar...treinando..

    Cumprimentos
    HT

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  4. O problema põe-se quando não existem mais dores de cabeça ou quando as que existem não conseguem sobrepôr-se à enxaqueca. Imagino que, nesses casos, sejam necessárias outras técnicas.

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