A pagina tantas diz-me ele, casualmente: sabe como é, os afectos são irracionais. Ele é um homem. Um bocadinho ciclotímico, inteligente, anda pelos trinta e muitos, dedicadíssimo a actividades profissionais, pai de um filho bebé. Contradigo-o: os afectos podem ser racionais. E muito.
Esta ideia da irracionalidade das emoções há-de ser abandonada quando soubermos mais sobre o cérebro. Por enquanto aconselho vivamente este artigo.
Quando vocês tiverem um bebé nos braços, ponham-se em frente a um espelho. Depois digam-me se os afectos são irracionais...
Um post belissimo, mas devo dizer-te que para mim (entre outros leitores, estou cera disto) é óbvio o que dizes. Não li o artigo (ainda, talvez) que apontas. Afirmas tu que "Ele é um homem". Ponho-me a olhar para esta afirmação e a pensar quantas vezes (sem conta, em inúmeros contextos) pensei o mesmo, ora com pena, ora com repulsa, pela educação que receberam, ou pelo quanto a cultura vigente lhes inculca essa perspectiva inacabada sobre as emoções.
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E juro que preciso ainda de fazer um enorme esforço para não considerar que o tratamento justo a dar à besta que mandou violar - bem como aos executantes - aquela jornalista grávida (mencionaste a notícia lá no teu outro lugar) seria um tiro em cheio na zona genital, deixando-os a guinchar no chão até à morte.
As mulheres têm uma superioridade brutal neste assunto, mas também fraquezas ( ex., as batidas que vão ao sexo conjugal nas cadeias )
EliminarNão tenho (nunca tive, espero não vir a ter) um paleio feminista clássico, por variadissimas razões. O exemplo que apontas , por muito que me revolte (tb li o artigo), mostra-me ainda o que desejaria não existir: mulheres com medo, pois que é disso que se trata, mulheres persuadidas da força que os homens "possuem" (estando presos, isto é de um paradoxo quase inimaginável, mas aí está o real para no-lo servir de bandeja).
EliminarSempre que digo que vivemos numa cultura matriarcal no pior sentido cai-me tudo em cima, a bela merda. As mulheres, principalmente, não me suportam (a maioria, que as minhas melhores amigas - poucas - compreendem perfeitamente o que digo e por que actuo).
Filipe, se me permite, este artigo de Klaus Scherer também me parece ter interesse para a compreensão do que aqui abordou: http://ssi.sagepub.com/content/50/3-4/330.full.pdf+html
ResponderEliminarobrigado, Carlos vou ver se dá para ler só com registo.
EliminarDe nada, Filipe. Se não o conseguir ler só com registo, enviar-lho-ei amanhã; só não o faço agora porque não o tenho neste PC e só consigo aceder à publicação através da rede da universidade. Entretanto, do mesmo autor, deixo-lhe este 'position paper' de 1985: http://ssi.sagepub.com/content/50/3-4/330.full.pdf+html, que contém o cerne daquilo que o autor desenvolveu posteriormente, inclusive no artigo de 2011.
Eliminare o amor pelo gato nos braços, também é racional?
ResponderEliminarnão sei. não sinto amor por animais.
Eliminarna sua génese não faço ideia se os afectos são racionais ou não. o que me interessa é o que fazemos com eles. pesamos consequências e investimentos. aí racionalizamos, claro.
ResponderEliminarTenho a impressão de que a inteligente elaboração das emoções positivas podem resultar em divinas obras de arte comportamentais. Com os sentimentos negativos, o trabalho é de “desmontagem” e tentativa de compreensão, quase sempre acarretando sofrimento, ou no mínimo alguma tensão. Não consigo conceber os sentimentos como racionais.
ResponderEliminarAbraço!
Se calhar a capacidade que temos para nos colocarmos em determinados estados emocionais é que facilitam a racionalização dos papéis que queremos ou não queremos assumir.
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