Depois de Magnésia
( na figura) , as coisas correram depressa. Virados outra vez a sul,
Catão , a rábula dos figos, cerco e incêndio de Cartago, fim. O que me
interessa é a discussão sobre a tese de Toynbee: quanto tempo dura a
devastação? Dizia ele que o sul de Itália ficou árido e entregue ao latifúndio por causa dos treze anos de depredação de Aníbal. Toynbee
caiu em desgraça, a tese era arrevezada. Ou não.
Mudemos das sociedades para as pessoas. Quanto tempo dura a devastação? É possível alguém fazer escolhas, ajustar modos de vida, organizar-se, em função de um dramático episódio antigo? Foi para fugir à psicologização e ao trauma, que escolhi partir de uma tese histórico-política. É necessário mais do que um episódio, uma série: e que transforme, de facto, a vida da pessoa.
As perdas e as doenças graves encaixam bem, são aníbalescas. Os seus efeitos prolongam-se muito para além do que se possa imaginar. Quanto mais não seja porque ficamos diferentes. É, portanto, imperioso voltar a reconhecer o território. Será sempre tudo novo.
Gostei muito deste texto.
ResponderEliminarroubo ao Huxley o titulo: admirável mundo novo (esperando não estar no olho da tempestade).
ResponderEliminarBelo paralelo - a terra queimada obriga à reformulação existencial. Dramático é para aqueles que penam a vida toda a dominar pequenos fogachos para nunca mudar o rumo.
ResponderEliminarBelo paralelo. A terra queimada obriga a revisão existencial. Dramático é para aqueles que penam uma vida inteira a dominar fogachos, em morte lenta incapacitados de romper. Talvez seja arrogância minha, pois.
ResponderEliminarNão é. Tens razão parcial: ambas são duras.
EliminarVou aproveitar a sugestão.