Muitas mães trazem-me meninos que se isolam, convivem pouco. E digo meninos dos 13 aos 23 anos. Muitos filhos trazem à clínica ( vejo-os depois só neste aspecto) pais que se isolam e convivem pouco ou nada. E digo pais de 70, 80 anos.
Fico sempre ambivalente. No caso da gente nova, excluindo sinais de depressão grave ou burst psicótico, presto atenção especial ao tipo de isolamento. No caso de velhos, excluindo sinais de depressão grave, por vezes associada a luto, ou de demência, idem.
Não é crime não querer conviver, claro, e também não tem de ser preocupante. No caso de gente nova, as redes sociais ou feitios mais reservados devem ser respeitados. A pressão para a homogeneização é enorme, sem dúvida, por isso é ainda mais crucial dar espaço à diversidade, afinal um factor positivo para a saúde genética das populações.
No caso dos velhos a coisa é diferente. O anacoreta senior cava uma distância ao mundo que se funda muitas vezes no cansaço da imaginação. Já viu muito, ainda que por vezes muito do mesmo, aprecia reinar sobre o resto da sua vida como um suzerano tímido. Deixá-lo.
Os muito introvertidos têm a vida difcultada, quer na adolescência quer sobretudo mais tarde na vida adulta, em contextos profissionais (os muito extrovertidos safam-se sempre melhor, parece-me). E essa questão da diversidade das populações ser uma fonte de riqueza lembra-me outro ponto que tenho observado: muitos dos mais introvertidos são dos mais lúcidos e melhores observadores, essenciais à saúde de um grupo, assim haja líderes capazes de os saber ler, de lhes dar segurança psicológica, e de lhes dar um "outlet" para se exprimirem..
ResponderEliminarConcordo consigo, João.
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