Um bocadinho de teoria, hoje tem de ser.
A página tantas, Cícero ( Tusculanas, V: XXIX) discute a posição dos peripatéticos sobre a dor em oposição à dos estóicos. A acção meritória deve ser levada a cabo apesar do sofrimento. Isto fez com que Teofrasto se aproximasse dos estóicos , sempre criticados pelo radicalismo da virtude acima de tudo. Não deixa de ser curioso quando hoje, na linguagem comum, associamos o estoicismo apenas à capacidade de suportar a dor . O ponto é a acção meritória, a dor é uma nota de rodapé.
Ora, fazer o que temos de fazer é muito próximo, por sua vez, da regra de ouro dos cínicos. O nome da escola vem do grego kunikos, ser/fazer como um cão. Várias teorias, a que me parece mais razoável vem do nome do ginásio Cinosargo ( cão branco / cão rápido) onde ensinava o pai fundador , Antístenes. A tal regra de ouro, a askēsis: viver de acordo com a natureza, desprezar as convenções. O ponto comum entre a escola cínica e a escola estóica é a aceitação do destino natural modificado pela vontade de o perseguir.
A aplicação terapêutica configura uma disposição a passar às pessoas, nas palavras de Diógenes: Para quê viver, se não te dás ao trabalho de viver bem?
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