O que nos muda? Este da foto, uma vez velhote, continua a juntar-se de vez em quando à manada de origem quando as pernas lho permitem. O resto dos dias passa-os sozinho
Não me refiro estritamente às imposições - velhice, doença, reforma -, mas ao que depende da interpretação do que nos acontece. Falo, portanto, de uma acção da vontade.
Amadurecer significa separar de forma mais nítida, ligar de forma mais intíma, explicou Hoffmansthal, que almoçava cá em baixo enquanto o filho se matava no andar de cima. Isto pressupõe o tal exercício de criatividade. Se ficarmos apenas diante do que nos acontece, resta-nos a amputação ou fuga.
Separar de forma mais nítida. Implica, por exemplo, aceitar que é mais orgulho do que tristeza o que nos mói quando alguém nos trai.
Ligar de forma mais intíma passa por descobrir que temos memórias de quem gostamos que alimentam tanto o desejo como o presente.
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