Ultrapassando os devaneios freudianos ( 1905 e 1927) e os pós-freudianos ( milhares) sobre a diferença entre a piada ( chiste/witz) e o humor, carregados de energia, pulsões, superegos e outras carambolas. O riso e o sorriso, a intersecção entre eles, interessam-me mais. São poderosos afrodisíacos, são excelentes anqueos das relações. Excluo, óbvio, as manifestações nervosas ou dementes.
Os fanáticos - comunistas, nazis , fascistas ou jihadistas - odiavam/odeiam o humor. É natural: é profundamente humano. Zoschenko é descrito pelo grande Vilhena como fino psicólogo. Coitado, tinha sucesso e era querido até ao decreto Zhdanov, de 1946, que estipulou que toda a arte tinha de ser conforme à linha do Partido ( ainda há patos que julgam ser possível falar de arte soviética). O conto Despertadores é fabuloso: um homem guia-se pelo sol num dia ensolarado mas é acusado de chegar tarde à fábrica, porque o relógio atómico soviético contraria ...o sol.
Rir e sorrir são afrodisíacos porque existem sempre nas relações , ou momentos, em que o desejo está vivíssimo. Ou seja, não são nenhuma receita milagrosa ( não existem afrodisíacos), apenas pertencem, por direito, ao prazer.
Não existem afrodisíacos, tem a certeza? :p
ResponderEliminarAbsoluta. Estudo e trabalho com drogas e humanos há quase 30 anos, nunca vi nenhum afrodisíaco.
EliminarA área do prazer ( amígdala+ córtex) de cada humano é única.
O que há é vinculações originais e variadas: de imagens a drogas passando por cartões de crédito.
Não pensei em drogas, pensei em combinações de alimentos, por acaso... :)
Eliminardrogas abarca substâncias, Isa, claro, tens razão.
EliminarComidas e bebidas? Se a intenção for para a coisa, qualquer uma serve o papel. Mind games.
Hum... pode ser. Pode ser que se trate de associações enraizadas no inconsciente e o corpo apenas corresponde quando as saboreio e ingiro. Porque muitas vezes não dou por que tenho vontade a não ser quando como. E não preciso de ter ninguém à minha frente a estimular-me com mind games, a vontade despertada é só minha. E não acontece com todos os alimentos, só com alguns... :)
Eliminar"E não preciso de ter ninguém à minha frente a estimular-me"
Eliminarehehehhe:
como dizia o Vincius, mulher nos trai até com cabide ...
c/ todo o respeito, que sou um reaccionário...
Vinicius.
Eliminarahahahahahah, n sei se é traição ter vontade. É só vontade, sem fantasiar c ng. se tiver com quem, procuro satisfazer essa vontade. Se n tiver, olhe, fico na vontade :p
Eliminarnão sei o que anda a ler ou a viver. também não interessa. os seus últimos posts têm pelo meio qualquer coisa dos livros que leio às minhas filhas. too much rainbows. e duendes escondidos. mas talvez seja só eu que devo viver em Marte.
ResponderEliminarrainbows e duendes????? não abuses das alfaces marcianas...
Eliminareh eh eh, engana-se (a menos que o café da manhã tenha sido genetico-estranhamente modificado).
Eliminara observação é simples. parece-me acreditar - ou fazer nos acreditar - que no meio do caos, do absurdo desta vida há espaço para que algo de efectivamente bom aconteça. a analogia forçada será qualquer coisa como a maluca da Branca de Neve e os seus anões que se safam da bruxa má :)
aqui em Marte também se têm momentos bons de durabilidade e intensidade variável, se se baixarem as expectativas quase a zero. o que não deixa de ter como consequência a devida proporção.
e desconfio dos sorrisos maniqueístas.
Olha que simpática.
EliminarNão é preciso baixar as expectativas tanto ( e o teu sorriso vai deixar de ser levemente triste...).
finalmente arranjou uma bola de cristal? sabe que é uma chatice responder a tantas perguntas, sobretudo quando não sabemos o que dizer em metade delas. :)
Eliminaressa do sorriso triste parece ser já feitio. não é o primeiro a referi-lo, embora muito poucas pessoas o tenham feito. nem todos os que olham reparam (saudoso Saramago). qualquer dia tento ilustrar esse estado de alma, embora à primeira vista não faça ideia de como. há-de ser qualquer coisa no olhar.
das expectativas: http://www.stephan-schmitz.ch/index.php?/project/illustration/
Eliminaro que hei-de fazer? acho que com imagens é tudo mais claro. aproveito o facto de vivermos tempos maravilhosos com o boom da ilustração.
The Crack é especialmente bom...
EliminarNão existem afrodisíacos, mas podem ser encontradas coisas parecidas num simples olhar, num decote ou numa perna com menos tecido de saia. :)
ResponderEliminarÓ meu caro Luís, tantas, tantas...
EliminarO prazer de e no olhar. Rir continua a ser um bom remédio, uma espécie de capa que, como diz o adágio, quem tem sempre escapa.
ResponderEliminarA vida por vezes aparece-nos maravilhosa.
ResponderEliminarNão é o que sentimos de bom, porque sentir é físico, é droga.
Podemos também sentir. Mas o fundamental é o que vê-mos, o que nos encanta e maravilha o que de belo se faz com a vida, ou a vida, que de bem vivida se faz bela.
Mas a maior parte do tempo não temos nem tempo nem condições para parar e olhar, para o perto ou o longe de modo tal que captemos o nosso próprio olhar.
Somos seres sociais blá blá… Precisamos sempre do olhar e da voz do outro para ver reflectida, construída e confirmada a imagem e a essência do nosso ser.
Quando a vivência e a sobrevivência não nos dão tempo para essas paragens, ou quando aqueles com quem comunicamos um pouco mais, de fundo para fundo, ficam demasiado ausentes, damos connosco (eu quero dizer comigo) a atravessar um enorme deserto, cheio de gente barulhenta e agressiva, mas desertinhos por chegar lá longe onde acreditamos estar alguém com quem falar a nossa língua.
E depois, o engulho de não falar é tanto mais incómodo, quanta a convicção do importante que temos a dizer.
O Filipe fica de parabéns com contributos destes.
ResponderEliminarObrigado pela simpatia, mas todos contribuimos aqui.
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