Os processos de decisão dizem bastante sobre a personalidade e sobre a reacção às alterações do meio. São coisas diferentes porque, por vezes, as alterações ambientais são de tal ordem que temos de mudar para decidir. Tenho estado com pessoas, que conheço há muito da consulta, e que agora tomam decisões que contariam a maneira como habitualmente funcionam. Outras permanecem no seu registo. Os resultados diferem muito, pelo que prefiro analisar apenas o processo de tomada da decisão. Dois conselhos para falhar menos:
1) Não encare a decisão como definitiva.
Isto pode parecer paradoxal, a provavelmente até é, mas é o melhor seguro contra a precipitação e o medo. Numa separação amorosa, ou quando estamos a pensar em emigrar, se estabelecermos um período exprimental, alargamos a zona de incerteza, ou seja ( nas teorias do poder como atributo) mantemos uma margem de manobra razoável.
Depois, como dizia o presidente Franklin D. Roosevelt, uma boa decisão pode ser melhorada, uma má pode ser revertida ( um bom conselho para os governos...)
2) Decida em função do que é mais importante para si.
Este pode parecer óbvio, mas, infelizmente não é. Conheço mulheres que abortaram contra a sua vontade e pela vontade de um pai furibundo ou de um companheiro egoísta, já ajudei pessoas que deixaram para trás desejos profissionais por receio de incompreensão dos pais, dos amigos, do mentor ( orientador de doutoramento, por exemplo).
Se falhar, falhou tentando o prémio máximo, se acertar não fica com uma sensação de frustração duradoura.
O ar do tempo, hoje, pode obrigar a mudar a forma como costumamos decidir? Sim. No cerco de Estalinegrado, os soldados e oficiais soviéticos foram obrigados a abater miúdos russos que faziam pequenos recados para os nazis, porque por vezes esse recados forneciam informações vitais sobre as posições soviéticas. Alguns militares fizeram-no para não serem abatidos pela NKVD, outros pelo sentido de dever e solidariedade para com os camaradas. As cartas ( dos oficiais) enviadas para casa ( interceptadas mas agora disponíveis) mostram a angústia da decisão.
Num contexto de grande volubilidade ambiental, a melhor decisão é aquela que cumpre os dois conselhos referidos, mas que inclui um extra: decida em função das transformações que o ambiente lhe vai impor depois da decisão.
Excelentes conselhos, sobtretudo o extra.
ResponderEliminarObrigada pela sistematização.
ResponderEliminarNão quero ser "complicadinha", até porque gosto de o ler, mas:
1) emigrar com filhos pequenos, por exemplo, altera a vida deles definitivamente, quer vão, quer fiquem. Parece-me definitivo. Como dizia o outro "escolher é excluir".
2) Aumentando a complexidade e com muitos pesos diferentes nos 2 pratos da balança (dinheiro, carreira, família, segurança, etc.), é difícil saber o que é o prémio máximo.
Também nem sempre se tem a clarividência nem conhecimentos suficientes para saber o que o ambiente vai impor depois da decisão.
boa questão essa última . hei-de desesnvolver
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