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domingo, 8 de setembro de 2013
Abóboras
Antes de morrer, já no hospital, uma amiga/doente chamou-me. Depois do pow wow habitual nestes casos, diz-me: Filipe, tenho lá uma abóbora para ti, para fazeres as papas. Durante muito tempo arrumei isto na lucidez alucinada. Só agora começa a fazer sentido.
Ela não disse que me ia levar a abóbora a casa nem mencionou qualquer cenário de alta hospitalar no qual me pudesse receber em sua casa com uma abóbora de presente. O que ela disse foi que tinha uma coisa para mim, ou melhor, que me queria ter dado uma coisa. Se leram A morte de Ivan Ilitch, que, já escrevi várias vezes, é um manual de educação para a morte ( o verdadeiro), compreendem a inquietação. Tudo tem a ver com o tempo.
À vista do fim certificado, o tempo aparece pela primeira vez amputado de uma dimensão. Como já não tinha futuro, a minha amiga/doente resolveu a equação: ela tem lá ( presente e passado) uma abóbora para eu fazer as papas: o futuro é para os outros e, neste caso, com doçura.
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Quanto ao post, sem palavras...
ResponderEliminarNo que concerne ao livro, é um pequena obra-prima.
Não é, mas dos quatro é de longe o único com Bom. E , se fosse dado a pieguices, diria que mal amado.Não sei quê, tem muitas citações...Não tem nada, é uma investigação, logo tive de de me socorrer da polícia científica. E foi escrito com as tripas...
EliminarAssim, cai-me bem essa sua achega, caro Carlos.
Filipe, referia-me ao livro do Tolstói.
EliminarO seu é bom, sim. Para mim, foi até muito bom, pois li-o numa altura, digamos assim, complicada. E sim, acredito que tenha sido escrito com as tripas.
Também achei estranho vc não costuma ser gongórico, mas o do Tolstoi não é uma pequena obra prima, é uma enorme.
EliminarFica a pub ehehheh
Mas, como disse, e reitero, a leitura do seu, no momento em que foi lido, foi importante. O do Tolstói é pequeno no tamanho, só (n)isso.
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