Muitos miúdos vão começar os seus cursos universitários, o que significa, para mim, que daqui a uns meses algum aterrará à minha frente, desalentado com a escolha. A crise mudou alguns hábitos de selecção? Talvez, mas não mudou o problema dos papás que querem o filho médico ( so to speak).
Já tive gente a desistir no terceiro ano, já tive gente a querer mudar antes do Natal. Deixemos de lado os casos em que a opção foi inteiramente assumida pelo jovem e centremo-nos nos outros. Por que motivo há paizinhos que escolhem o curso dos filhos?
É nas manadas de pais-doutores que tenho registado mais asneiras. Da influência pouco discreta à quase exigência, são pais que querem escolher pelos filhos. Uma variante do complexo de Napoleão: o meu menino tem de me dar motivos de orgulho, a minha menina é sobredotada.
Esta posição egótica revela quase sempre um entendimento da prole como uma extensão do ego. Frequentemente, o resultado é desastroso e o trabalho terapêutico vê-se a braços com uma dupla tarefa: resolver a sensação de fracasso e restaurar ( ou inaugurar...) a autonomia do miúdo.
E há os que como eu estavam mesmo a ver que a escolha era um delírio numa noite de farra e não insistiram, e ao fim de três anos vêm o rebento voltar à casa de partida, inevitavelmente amachucado.
ResponderEliminarEnfim...
também há disso, mas nota que é preferível aprender a falhar pelos próprios meios do que em submissão...
EliminarClaro...
ResponderEliminarEm certos meios não aristocráticos, a frase a seguir não me parece uma muito grande distorção da realidade:
ResponderEliminar"(...)estuda para seres um senhor que eu mato-me todos os dias, eu sou escravo de um senhor para te dar um futuro nem que seja aparente.(...)"
muito bom
EliminarSão os paradigmas familiares do "sucesso", que até têm alguma variabilidade. No meu caso a pressão era para ser médica, advogada ou farmaceutica, desde que fosse lucrativo: sou filha de comerciante.
ResponderEliminarContrariei e não me arrependo. Mas hoje sei, por exemplo, que a minha rejeição da medicina foi precoce. Foi por reacção.
tenho de perguntar: cursou o quê ( se cursou)?
EliminarCursei Eng. Física e doutorei, em Física.
EliminarSou investigadora, mas fui bolseira durante 12 anos.
Olhando para trás, compreendo que o meu percurso não encaixaria no tal paradigma da minha família.
obrigado.
EliminarOs miúdos já não se deixam convencer com essa facilidade, a maior parte manda os egos dos pais às urtigas. As questões são outras e igualmente capazes de levar os jovens adultos ao divã - tirar o curso para quê? Alguma vez terei oportunidade de trabalhar na área? Excepção aos mestrados da Católica e da Nova que parecem levar directamente ao êxito, pelo menos é assim que são vendidos.
ResponderEliminar~CC~
ainda deixam, ainda deixam....
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