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quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Obsessão e memória
Sebald conta a história de um escritor do pós-guerra na Alemanha, Alfred Andersch. O homem tinha a necessidade obsessiva de se confessar. Ficou na Alemanha nazi.O interessante, como nota Sebald, é que apesar da obsessão em se justificar, a memória de Andersch opera selectivamente. Ora aqui está o osso.
As desordens obsessivo-compulsivas apoucam as pessoas. Quanto mais inteligente for o sujeito mais ele se ressente da irracionalidade da doença. Recordo uma mulher, pequena empresária nortenha, que durante anos nutriu a obsessão de que se tinha envolvido com um vizinho. Ela nem falava com o homem. Pois bem, muitos anos mais tarde desenvolveu a obsessão de que a a filha mais velha se ia envolver com um dos filhos do sujeito.
Qual é o problema da memória? É que a memória selectiva do obsessivo-compulsivo alimenta a irracionalidade do sintoma. Por exemplo, a mulher da história, quando incorporou a filha e o filho do sujeito na ideia obsessiva, obliterou com cuidado a sua própria biografia: nunca falou com ele, casou-se, teve filhas. A obsessão é intemporal e amnésica.
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Porquê amnésica? Pelo contrário: a motivação de juntar as famílias transferiu-se para a geração seguinte.
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