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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Darwin, adaptação e sorte

Uma das falsas atribuições a Darwin, porventura tentando adocicar o homem, é a de que ele não terá dito que são os mais fortes que sobrevivem, mas os que melhor se adaptam  às mudanças. A verdade é que Darwin nunca escreveu isso. O que ele escreveu  foi que a as que sobrevivem são as que têm  sorte ( sim , sorte) ou que já tinham  as caracteristicas  ideiais para passar as gerações seguintes num contexto de mudança. Vem isto a propósito das mudanças dos nossos dias portugueses; não só no sentido político, também  no psicológico.
Por estranho que pareça, ou não, os que tenho visto lidar melhor são os velhos e os que já tinham uma vida difícil antes da crise. É favor não confundir isto com adaptação ou  com facilidade. O que registo  é uma  continuação do funcionamento de categorias mentais favoráveis aos tempos de crise: baixas expectativas, pouca alteração nos hábitos de vida, nenhum luto por um futuro esperançoso.
Por outro lado, onde tenho registado mais dificuldade em lidar  com a mudança é nos  pais de meia idade. Ressentem-se  imenso da ansiedade  quanto ao seu  futuro - reforma, emprego etc-  e ao dos filhos. Há aqui um duplo investimento que ficou em risco.
Quanto aos jovens, os tais que estão obrigados  a emigrar - é curioso que no que diz respeito à UE sempre pensei que a ideia era também essa - noto desembaraço e desprendimento. É certo que um país não pode sobreviver sem as suas melhores gerações ( embora muita esquerda sempre tenha detestado alusões à Pátria e à nacionalidade... ),  mas compreende-se, e aqui sim, a facilidade de adaptação.

5 comentários:

  1. "baixas expectativas, pouca alteração nos hábitos de vida, nenhum luto por um futuro esperançoso". Boa! Então é por isso que 2013 está na minha cabeça como o pior ano da minha vida, mas contabilizando, contabilizando talvez até nem tenha sido é esta coisa parva da expectativa. 2014 parece-me que só pode ser melhor porque diminui a expectativa.

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  2. Aqui ao lado não é mais que 21 anos de psi? Se tem 48.

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    1. claro, mas transpusa badana de blogues antigos e não modifiquei.

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  3. Esta frase circula livremente pela net e desconheço o autor. Não sei se podemos generalizar muito para fora da geração sandwich (a minha).
    "Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade profundamente doente". Será?

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  4. Concordo. Por isso só falei em adaptação nos mais novos.
    Também é verdade que não é grande avaria sobreviver numa sociedade óptima...

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