Não o da foto. Esse é o porco do mar, dele como tudo. Rabo e espinhas para a canja, lombos na brasa de lenha com carqueija depois resgatados na caçoila de barro no forno com alho, de ladelas para pastéis ( a carne ensarilhada num pano grosso), as bochechas e as línguas estufadas ou fritas, as caras e os sames guisados com feijão branco. O fiel inimigo é o tempo, que nunca larguei desde que comecei a estudá-lo em França in bygone days.
É um inimigo poderoso e imortal, porque todo os dias saqueia as tuas posses ( mesmo quando dormes). É fiel porque acompanha-te toda a vida e só te larga quando já não o reconheces. Alguns de nós imaginam domá-lo, como se de um ribeiro de aldeia se tratasse, outros pensam amealhá-lo, como se coubesse num cofre. Coitados.
A única forma de viver com este inimigo fiel é aceitar a sua regra: vive como se ele não existisse. Ao contrário do bacalhau, digo.
A que conceito de tempo se refere? A essa sua visão fatalista do tempo oponho-a com a perspectiva que o tempo permite cozinhar melhor, nem que seja a seleccionar mais eficazmente os ingredientes. E saber saboreá-los.
ResponderEliminarse cozinha, se sabe cozinhar, sabe que tempo não existe.
Eliminaruma marinada de dois dias não se apressa, um amesa com amigos e petiscos não tem tempo.
El tiempo es la sustancia de que estoy hecho.
ResponderEliminarEl tiempo es un río que me arrebata, pero yo soy el río;
es un tigre que me destroza, pero yo soy el tigre,
es un fuego que me consume, pero yo soy el fuego
Borges, Otras Inquisiciones
Que poema belo. Estou a imaginá-lo acompanhado de um à Brás, ou outro com batatas a murro. Só exemplos :)
ResponderEliminarTambém gostei muito de ler a Rita do sobrenome delicioso :)
o sobrenome coaduna-se com a pessoa eheheh - momento de auto-massajamento de ego, que às vezes também é preciso :)
EliminarOh se é, mas requer o seu tempo de aprendizagem :)
EliminarA resposta que o Filipe lhe dá está também correctíssima.