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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Pânico no canil


Se um cão consegue estar num estado mental de excitação, raiva, agressividade ou alerta, mas permanece sentado e quieto, por que carga de água um ser humano não o há-de conseguir também? Este exemplo uso-o muitas vezes para treinar  gente  ansiosa, seja na ravina  fóbica seja na compulsiva.
A um estado mental e emocional não tem de corresponder um pathos comportamental. No quotidiano, em boas condições gerais, estamos habituados  a senti-lo.  Dominamos a  tensão sexual gerada por estranhos apetecíveis, desagrado face a superiores hierárquicos despóticos, despeito diante de  familiares em situações conviviais. Alguns de nós têm, no entanto, um canal específico para escoar tensões antigas ou mais fortes. E começam os ataques de pânico ou os rituais compulsivos.
Com essas pessoas é necessário trabalhar o suspeito zero. Todos somos capazes de algum controlo ( como a boxer da foto), por isso o que há  a fazer é mostrar às pessoas que isso é possível. A recordação da experiência é um reforço positivo do controlo, mas o essencial não é tralha  behaviourista.
O pânico  é como a ejaculação precoce : um subproduto da mania do controlo. A intervenção tem de ir mais além do treino canino.  A auto-estima ( essa designação psi que lembra uma estação de serviço), ou melhor, o amor-próprio, liberta-nos  da tentação de querer controlar o mundo. Os cães confiantes são, não por acaso, os menos excitados e agressivos.

10 comentários:

  1. "O pânico é como a ejaculação precoce : um subproduto da mania do controlo."

    Nem mais, nem menos. Lembro-me que referi aqui, em tempos, a leitura de Monsieur Allen Gomes. Foi mais ou menos isto o que aprendi e tem toda a conexão com equilíbrio, tal como extinguir incêndios com contra-fogos. O problema é que as pessoas não aprenderam, em geral, que auto-controlo não é extinção total.Chamar-lhe-ei, por falta de outra terminologia, um autêntico suporte de vida.

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    Respostas
    1. Claro que não é nem podia ser, que raio de ideia, Alexandra.

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    2. Não percebi nadica da sua resposta, Filipe.

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    3. concordei com isto, Alexandra:
      "O problema é que as pessoas não aprenderam, em geral, que auto-controlo não é extinção total".

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    4. Monsieur Allen Gomes concedeu uma entrevista a uma das revistas do Expresso (espero não estar equivocada quanto à referência, que leio tudo da imprensa escrita sempre, ou quase, atrasado). Às vezes tenho uma pena descomunal de quem não o o lê/leu. De resto, a entrevista vinha cheia disto mesmo, lugares comuns para quem o não lê, como se estivesse qualquer coisa saturado de estudar e investigar para nada, ou quase nada, botando laivos de esperança em coisa quase nenhuma.

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  2. Esta é a sua boxer de que falava no mar salgado? É bem gira. Mais gira que o "pai" ;). "as crianças ensinam-se como os cães", não o impressiona eu ainda me lembrar, eheheheh

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  3. "Dominamos a tensão sexual gerada por estranhos apetecíveis". Acho que isto tem alguma diferença de género.
    "por que carga de água um ser humano não o há-de conseguir também?" Por que carga de água se deve controlar, extravasa e volta ao normal.

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  4. caro fnv, há por aí humanos confiantes? parece-me que andamos todos à volta da mesma questão, ainda que com encapotamentos diferentes. colocando a hipótese de estar completamente errada, fico-me pela imagem mental do quanto bom deve ser e considerar que tenho uma grande falta de destreza em encontrar o painel de controlo.

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  5. E quando se tem sempre (auto)controlo? Isso é mau ( =sinónimo de qualquer problema psi )?

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