Estava há bocado a explicar à C., que tenho em terapia há uns meses, que uma coisa é o problema melhorar, outra é nós melhorarmos. Confusos? Ora vejamos:
Defendo que há coisas que nos acontecem que matam partes de nós. Podem ser genes, episódios, circunstâncias avulsas, o ágape é variado. Ficamos com uma parte doente, aleijada. Ela não tem de melhorar. Uma perda não melhora, um défice qualquer pode não melhorar. O que pode, e deve, acontecer é aprendermos a viver com essa parte , apesar dessa parte. E aí melhoramos, sim, porque a aritmética não engana: se vives com menos vales mais.
No fundo, é ser humano. Os nazis fizeram o percurso contrário. O programa T-4 eliminou cerca de 90.000 doentes mentais, ( incluindo 6.000 crianças) com a ajuda entusiástica da elite médica e universitária alemã, como Werner Catel e Ernst Wenzler. O programa foi centralizado a partir de uma casa em Tiergartenstrasse nº4, no centro de Berlim ( estive lá perto mas na altura não sabia e por isso também não sei se está assinalado), daí ter ficado assim conhecido.
Sim, concordo plenamente. As circunstâncias da vida, tudo aquilo que nos vai acontecendo vai-nos moldando e modificando. Deixámos de ser quem éramos, e temos de aprender a viver com o novo eu. Já me aconteceu isso quando descobri que o meu marido me traiu com uma amiga, com quem convivíamos todas as semanas. Nunca mais fui a mesma, mas não necessariamente para pior. Sou diferente.
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