Tenho vários e pesados volumes, herdados do meu pai, que reúnem os melhores artigos de congressos mundias de psiquiatria nos anos 60 e 70. Estão arrumados numa pequena secção morta da minha biblioteca e por boa razão. Nesses volumes encontro vários artigos de psiquiatria de, à data, respeitadíssimos professores - portanto, formadores - que garantiam ser a homossexualidade uma doença. Nenhuma novidade, dirão, Não tanto assim.
O movimento antipsiquiatria ocupou-se também do sexo. David Cooper tem direitos de autor . No seu manifesto antipsiquiátrico, já nos anos 80, Cooper incluia um pressuposto: o fim da repressão de qualquer forma de relacionamento sexual entre adultos. R.D. Laing, outro nome famoso do movimento, questionou, e bem, a noção de normalidade: normal men have killed perhaps 100,000,000 of their fellow normal men in the last fifty years. Como é habitual nos fanáticos, Laing não soube parar e escolheu a família como produtora da esquizofrenia. A seita ( o negativo da ala delirante do Tea Party de hoje) adorou: as interacções sociais na família são asfixiantes, intrusivas e perturbadoras do desenvolvimento da personalidade e da identidade pessoal. A esquizofrenia era, portanto, normal com uma família destas.
Se a imposição biológica e o desleixo cultural ( gays doentes e assassinos normais) serviam um mundo agarrado às velhas concepções do poder sobre saúde mental, o seu reflexo, o movimento antipsiquatria, serviu um mundo histérico diante da imperfeição humana.
se à época serviam como modelos, ainda que com algumas interpretações histéricas, o que pensar das actuais? evolução, melhor entendimento, uma resposta à própria forma de estar do indivíduo nas suas actuais circunstâncias, niveladas por novos padrões?
ResponderEliminarufa...bem perguntado...lá iremos nos números seguintes.
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