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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Ansiedade, de novo

Somos capazes de mentir descaradamente, somos capazes de nos masturbar, somos  capazes de torcer pelo  Sporting contra o FCP, mas não somos  capazes de controlar  uma crise de ansiedade e o seu valete, o ataque de pânico. Está por fazer um bom estudo filosófico sobre a relação entre as alterações culturais dos últimos 50 anos ( cultura ado, diminuição da natalidade) e dos últimos  150 (materialização da felicidade e síndroma madame Bovary) , que possa  explicar esta incapacidade crescente.
Não, não falo das tretas do Lipovetsky ( prefiro um único e... famoso verso do  Larkin) e da Himmelfarb. O velho Freud andou lá perto, porque ganhou a vida na alta sociedade vienense e por isso soube de coisas meio século antes.
O primeiro antidepressivo do grupo dos inibidores da monoamina oxidase, a iproniazida , foi originalmente  desenvolvido contra a tuberculose. Foi abandonado por incidência hepática mas também porque os doentes ficavam muito, digamos, excitados. O fundo ansioso e fóbico da depressão existencial ( por oposição à endógena)  teve a sua primeira resposta com a iproniazida em meados dos anos 50. Bate certo: os achaques da freudiana sociedade vienense demoraram meio século a popularizar-se.

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