"Sou gorda e pesada - respondeu - mas também sou amorosa".
Bordenave é o personagem da novela de Bioy Casares, Dormir al sol ( 1973). É um desgraçado que quer recuperar a mulher internada num hospício. Voltarei ao título porque tem muito sumo, mas fiquemos hoje com esta tirada maravilhosa.
O corpo está hoje sob fogo amigo. Recusamos a sua decadência e fazemos a alegria do IRS de cirurgiões plásticos, esteticistas e ginásios. Ao contrário do que dizem os preguiçosos, a tensão entre o ideal apolíneo e o dionisíaco é velha e clássica. O corpo belo e perfeito também é velho. O que há de novo é a angústia apolínea. A cinquentona julga que a vida melhora se eliminar as rugas, a lolita cuida que tal passa por implantes de silicone nas mamas.
A verdade é que o corpo tem um sujeito que é o seu senhor, não o seu escravo.
é.
ResponderEliminara quase-quarentona mas com madeixas - au naturelle - à cinquentona vai à cabeleireira. "ó Rita Maria não tem idade para tantos cabelos brancos, pintamos?" não. sem manifesto anti-tintas. não me chateiam os brancos, não me chateiam as tintas das outras. mas aborrece-me o que nos vendem: os corpos perfeitos, a casa perfeita, o carro perfeito, o emprego-para-a-vida perfeito, a família perfeita. tudo saído de um livro perfeitamente ilustrado, com direito a capa dura forrada a tecido. na estante, já bafiento.
a pressão exterior é imensa, sim. para a tal perfeição, que não é apenas física.
ResponderEliminarjá agora, não ataca só o género feminino.