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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Desaprender

O  terrível O'Neill ( Uma coisa em forma de assim, 1985) explica:

"Há uma altura em que, depois de se saber tudo, tem de se desaprender. Sucede assim com o escrever. Com o escrever do escritor, entenda-se. Eu, provavelmente poeta, estou a aprender a... desaprender. E para quê e como se desaprende? Para deixar de ronronar, para que o leitor, quando o nosso produto lhe chega às mãos, não exclame, satisfeito ou enfastiado: «- Cá está ele!». 

Isto aplica-se a outros matos. Tratarmo-nos é, muitas vezes, desaprender.  Desaprender de viver com a mulher/marido e os filhos, desaprender de ter o pai vivo, desaprender de conseguir correr, desaprender de abraçar um filho.  Etc.
Reconstruir a cidade bombardeada é outra forma de desaprender: de viver.




1 comentário:

  1. Crescer também é desaprender selectivamente da educação que tivemos (acho que já se falou disso aqui). Acho que era o João dos Santos que costumava dizer às mães ansiosas que lhe apareciam no consultório: "Eduque o seu filho como quiser, minha senhora. Faça o que fizer estará a educá-lo mal." (ou algo assim)

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