O terrível O'Neill ( Uma coisa em forma de assim, 1985) explica:
"Há uma altura em que,
depois de se saber tudo, tem de se desaprender. Sucede assim com o
escrever. Com o escrever do escritor, entenda-se. Eu, provavelmente
poeta, estou a aprender a... desaprender. E para quê e como se
desaprende? Para deixar de ronronar, para que o leitor, quando o nosso
produto lhe chega às mãos, não exclame, satisfeito ou enfastiado: «- Cá
está ele!».
Isto aplica-se a outros matos. Tratarmo-nos é, muitas vezes, desaprender. Desaprender de viver com a mulher/marido e os filhos, desaprender de ter o pai vivo, desaprender de conseguir correr, desaprender de abraçar um filho. Etc.
Reconstruir a cidade bombardeada é outra forma de desaprender: de viver.
Crescer também é desaprender selectivamente da educação que tivemos (acho que já se falou disso aqui). Acho que era o João dos Santos que costumava dizer às mães ansiosas que lhe apareciam no consultório: "Eduque o seu filho como quiser, minha senhora. Faça o que fizer estará a educá-lo mal." (ou algo assim)
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