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quarta-feira, 24 de julho de 2013
Amar, derrotar
Ao contrário da vulgata, entendo que o amor pode , e deve, ser definido, estudado, esquartejado, analisado. Os nosso primos bonobos fazem tudo o que fazemos excepto cultura e linguagem : por isso desconhecem o amor. Continuando a discussão sobre o não precisar do outro, abro mais um postigo: todo o grande amor é uma derrota absoluta. Se quiserem, à Benfica, no minuto 92.
Quando sentimos que a nossa vida está enroscada noutra e que a sua pele ainda tem o sabor do primeiro segundo, é óbvio que vamos perder o jogo. No Amor & Ódio, conto a história de um casal de meia idade. Reformados, ela ainda era vistosíssima, ele, músico de banda nas horas vagas, parecia o Woody Allen. Estavam preparados para a melhor fase das suas vidas, até porque ele tinha conseguido, finalmente, resolver um pequeno problema, digamos, fisiológico. Em seis meses ela morre de cancro da mama.
Se as famílias felizes não têm história ( Tolstoi) , os grandes amores não têm felicidade.
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Este post devia ser escrito aí numa parede, em tamanho grande, para ver se o pessoal da vulgata entende de vez. Eu com o Benfica não me meto, mas no tiro com arco a última frase é na mouche, leva taça e título e o que houver.
ResponderEliminarAtão e o segredo do amor? Afinal é derrota ou "independência"? Sei... o amor é contraditório. Agrada-me de qualquer forma mais esta visão romântica, mas... será que o romantismo destrói o amor? Será o supremo egoísmo? Será o romântico na verdade incapaz de amar?
ResponderEliminarTem razão anónimo de 25 de Julho de 2013 às 07:01
ResponderEliminarO amor é mesmo contraditório e já o sabia e dizia Camões:
Soneto de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
O que vem na Anna Karenina é afirmação de que todas as familias felizes são felizes da mesma maneira, enquanto cada uma das infelizes é infeliz à sua maneira. Será que a beatitude,ou a mera ausencia de sofrimento,é sempre igual, ao passo que, como disse Szymborska, o corpo, (e a mente humana), são um inesgotável reservatório de sofrimento ?
ResponderEliminarGostei muito de ler este post, aliás, sou admirador do FNV desde os tempos do mar salgado. Fiquei assim com vontade de comprar o Amor e Ódio. Há alguma possibilidade de o fazer diretamente?
ResponderEliminarpois, obrigado, mas o livro está esgotado e nem tenho um exemplar para lhe oferecer.
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