Os adolescentes são muito mal vistos nas colunas de opinião. Mea culpa, uso muitas vezes a expressão atitude adolescencial, mas com luvas : aplico-a em adultos. Os adolescentes são também vítima de assédio pseudopsiquiátrico: parece que é preciso fazer um curso para ter um em casa. Em cada dez pedidos de ajuda que recebo, reenvio oito à procedência. Treinar ( ensinar maneiras, bons hábitos, levar a gastar energias, brincar etc), só treino cães.
Mal ou bem, cresci, como muitos, com irmãos, primos, sobrinhos.Dá-me pena conhecer adolescentes enfiados num T2 com os pais, a playstation e o computador. .Sempre houve, é verdade, adolescentes narcisistas,mimados, incapazes de aproveitar a vida. Também há adultos assim. E velhos. Não é por aí.
O que me preocupa, nesta Atlãntida agora Portugal, é que os adolescentes estejam a envelhecer muito depressa. Sinto-os a viver os problemas dos pais: o desemprego, a hipoteca, os cortes, a tristeza.
Talvez este crescimento acelerado os distraia da vida electrónica e artificial, talvez não seja totalmente mau. Por outro lado, há miúdos que se começam a sentir como um fardo. Económico, emocional ( a mãe tem de carregar nos ansiolíticos receitados para a crise) e, sobretudo, político: não produzem, só se divertem, os danados...
Muito bom!
ResponderEliminarLembro-me de ser catraio e sentir uma nodoazita na consciência porque os ténis que tinha acabado de estrear tinham custado - nas suas próprias palavras - olhos da cara à minha mãe!
"Isto não está para brincadeiras filho..."
Hoje, com trinta e picos, olho para o meu filho e pergunto-me se, não estando as coisas para brincadeiras, devo fazer o mesmo "filme" com o meu filhote.
No fundo, aquilo que me faz tremer, é como transmitir educação e rigor financeiro ao meu filho sem lhe colar sentimentos de culpa.
Haverá por perto algum profissional que me alumie a crise (a paternal, a outra não há quem!)
Obrigado pelo seu Blog!
Pertenço a uma geração cuja adolescencia foi marcada pelo destino inexoravel da Guerra de Africa. O antes da ida era uma espécie de limbo, uma vida suspensa até se saber se a Parca não nos iria tocar no ombro.Aos 22, jovem alferes , estarei calcorreando as picadas de Mueda. Regressarei um ancião com 24 anos.Apesar de tudo soubemos manter a compostura.Muito poucos desertaram,ainda menos quebraram.
ResponderEliminarTalvez falando aos vossos filhos sobre o que foi a geração dos avós lhes faça melhor do que lhes ir limpando o ranho.
manuel.m
Realmente. Terra vermelha de áfrica nas botas da ordem não é pó da calçada nos ténis de um fedelho. Compreendi.
ResponderEliminarRelendo o meu comentário, feito a quente, vejo que não disse a Raíz Quadrada o mais importante :
ResponderEliminarTrate o seu filho como uma criança e ele comportar-se-á como uma;trate-o como sendo um fraco e ele será um. Mas se lhe der a verdade nua e crua,verá com espanto ele crescer sob os seus olhos,erguer-se e enfrentar a situação.Não o prive da sua dignidade menorizando-o.Ele não o merece.
manuel.m