Vinte e muitos mas já sem estômago ( um resíduo). Sem trabalho, porque quando regressou das cirurgias e da quimioterapia, o posto de trabalho, por causa da crise, estava extinto como o pássaro Dodó. Vive numa aldeia, com a mãe, onde anoitece muito depressa. Tem medo. Discordo.
Dizia o dinamarquês sorumbático que a angústia é a etapa psicológica que precede o medo. A nossa perdida inverte a equação: agora sente angústia, antes teve medo. De cada vez que tenho dificuldade em engolir, fico cheia de medo.São só palavras.
Fala baixinho, é bonita, tem um cabelo e uns olhos parecidos com os da mãe dos filhos do Don Draper ( para quem vê Mad Man) . A angústia dela é um protesto burocrático contra o anti-destino: sente que não pode esperar mais nada deste mundo.
Falamos muito. Ao vivo e no e-mail que sobrevoa serranias até chegar, nem sei como, à sua aldeia. O que lhe digo ? Não desisto de ti.
Que maravilha de texto.
ResponderEliminarTem mais esperança (que eu não sei ainda hoje se é uma compota ou um fruto acabado de colher) que qualquer corpo ministerial das últimas décadas.
Alexandra,
Eliminartemos sempre a definição da Emily D.: hope is a thing with feathers
Sim, o que me lembra muito o nome deste blogue. Há qualquer coisa no colectivo que reduz a depressão :)
Eliminarespero que sim...
Eliminar