email para contactos:
depressaocolectiva@gmail.com

quinta-feira, 20 de junho de 2013


Um dispositivo   mental para atenuar a angústia depressiva: planear. Isto obriga o sujeito a um duplo movimento, porque não só o faz contar  com o mundo exterior  às suas tristezas como o força a projectar-se no tempo. São dois cartuchos de calibre.

O sentir depressivo é ensimesmado. Alimenta-se do escrutíno sistemático  do que corre mal, das nossas fraquezas e azares. Por instinto, fechamo-nos, engolimo-nos, defendemo-nos do exterior. Planear uma acção obriga-nos a olhar para fora.
Por outro lado, o projectar-se no tempo ataca a porta principal da depressão: as expectativas negativas. Se planeamos fazer alguma coisa - ajudar alguém, um pequeno prazer etc - isso força-nos a rever o pessimismo temporal. Dir-me-ão: se é tão simples, por que é tão complicado?
O problema reside na natureza dos planos. Frequentemente elaboramos ou dizem-nos para elaborar planos  quinquenais, pesados, que nos parecem inatingíveis. O negócio é compartimentar o dia e traçar pequenas subida de colina, abrir picadas modestas.
Quando tens um acidente, partes as pernas e vais fazer fisioterapia, não começas a correr no primeiro dia, pois não?


7 comentários:

  1. Um segredo: odeio planear, angustia-me.
    Mas, de facto, tenho sempre projectos pequenos, diários ou semanais e mais outros tantos na calha. Há anos que percebi que são uma espécie de seguro de vida.

    ResponderEliminar
  2. Fui/sou salvo, disso não tenho a menor dúvida, pela capacidade de traçar objectivos de curto prazo, bem planeados e exequíveis, que podem ser o ponto de partida para objectivos mais ambiciosos a médio/longo prazo, mas que, no momento, valem por si mesmos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ainda bem que corrobora, Carlos.

      Eliminar
    2. Sim, Filipe, corroboro integralmente. Exige alguma disciplina e, sobretudo, uma adequação permanente ao presente (esquecer o que se teve/quis no passado e estar disposto a recomeçar, eventualmente, em circunstâncias menos favoráveis). Nos passos a dar, aprendi, importa mais a firmeza do que a extensão; e, se tivermos que recuar um pouco, nada de dramas: voltar-se-á a caminhar em frente. Pelo menos comigo, funcionou/funciona.

      Eliminar
  3. Se "O negócio é compartimentar o dia ", Filipe, a sua proposta perdeu à partida, embora eu não só compreenda, como pratique desde há muito tempo, a sugestão do viver cada momento do dia. O que lixa este post sugestivo é a palavra "negócio", que sugere venda e compra, relações de poder. Se eu não puder comprar nem os próximos 10 minutos, como vivê-los, se isso significar uma refeição?

    Isto parece-me tudo uma conversa excessivamente alimentada e não é por refeições garantidas.

    __

    Título do comentário: as expectativas garantidas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "O que lixa este post sugestivo é a palavra "negócio", que sugere venda e compra, relações de poder".

      É só botões...
      Negócio no sentido brasileiro ( como num post anterior "que nada").

      Eliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.