Petrarca considerava que a dor, física ou emocional, só se tornava impossível de suportar devido à fraqueza da alma. A virtude : suportar a dor nunca se alcança por sorte, mas pela persistência. Ao contrário dos epicuristas, Petrarca pretende combater apenas a dor, diminuí-la, não torná-la agradável. Socorre-se muitas vezes de exemplos de homens ( e deuses...) que o conseguiram, para estabelecer como universal e ao alcance de qualquer um conseguir vencer algumas batalhas.É aqui que entramos na arena.
Quando tenho alguém em sofrimento a quem conto histórias de doentes que padecem de males piores, ouço o habitual "Com o mal dos outros posso eu bem". Se der exemplos de pessoas que suportaram a dor. o que ouço é um pouco o que a Dor diz à Razão no manual de Petrarca: " Não somos todos iguais". Nestes dias em que o sofrimento é quase igualitário, o que mudou?
Posso estar enganado, mas noto forças em gente que tudo tinha para desistir, mas também noto um bicho diferente acoitado no matagal. É como se algumas pessoas, trespassadas pelos factores ambientais, se estejam a deixar ir. É como se a dor passasse a ser constitucional.
Não era bem isto que o amante de Laura pretendia.
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