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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Cidadelas


Um dos piores  indicadores da situação de alguém é o estado da casa. Não me refiro às paredes ou à conservação do soalho. A nossa casa é, tem de  ser, o nosso refúgio. Chegar depois de um dia cansativo  a uma casa onde  de forma permanente  nos envolvemos em gritaria virulenta  ou em desprezo calculado é tentar um caminho  impérvio. 
Um antropólogo francês, em moda nos anos 90, Marc Augé,  falava da retórica familiar: a nossa casa é onde não temos de dar justificações. Por ex, podemos andar de cuecas. Isto é um dos lados. O outro é o do reconhecimento. Quem connosco vive conhece os nossos ritmos e vice-versa. Isto  proporciona, ou devia, uma harmonia razoável. 
Bem sei que harmonia familiar é uma expressão que os neuróticos  mal-resolvidos e mal-amados  têm diabolizado desde os anos  60 a pretexto da liberdade contra a opressão familiar-burguesa. Como o resultado foi um espectacular aumento do consumo de ansiolíticos e antidepressivos, concluo que tanto a asfixiante família tradicional ( que  a havia...) como o masturbação narcísica são más cidadelas.
Do que falo aqui é de uma coisa simples, inscrita numa ordem muito antiga: somamos muito mais do que somos individualmente.

5 comentários:

  1. Daí o desafio que representam os filhos e enteados, as adolescências, manter o território são e neutro. Para que o amor possa vingar.

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  2. Acho que és capaz de achar isto interessante: http://joaotavora.blogs.sapo.pt/xadrez-532934

    Abraço tipo Rui Vitória.

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  3. O que é um mal-amado? Essa expressão sempre me intrigou :)

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    1. ah...mas até das mais simples de explicar , desafio aceite

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  4. Somamos muito mais do que somos individualmente.

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