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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

No quarto ( I)

Estoutra pequena série reagrupará tudo o que se passa no quarto do casal ( hetero, homo, cyborgs, trans, tento me faz). A ideia é  mapear as fraquezas e as forças da cidadela última. Do que tenho visto em vinte anos de gabinete,  é o coração da vida em comum. E muito mal tratado.
Começo com uma pergunta: que outro espaço da casa reúne as condições do quarto? Um topoi onde se pode dormir, conversar, comer ( pequeno-almoço...) e ter sexo? Qualquer  um. A sala, o escritório. o terraço. Então  o que tem o quarto de especial ? É o único sítio onde tudo se pode fazer em privacidade.
E  a primeira doença da cidadela é a perda da sua deusa, a privacidade. Ou porque não é aproveitada ( por exemplo, o casal resolve ter discussões ácidas à frente dos garotos   noutra parte da casa), ou porque é subvertida: o casal  habita o espaço no antigo sistema da cama quente dos operários do século XIX, que Dickens e Zola descreveram com singular rudeza: quando um entra, o outro sai.

4 comentários:

  1. O quarto para mim e o "paraíso", ou seja, e e deveria ser um local de relaxamento, reflexão. Descontração, felicidade, reateamento, privacidade, isolamento, etc.
    O que se tem sabido e que na privacidade aproveitam certos casais para praticar actos ignóbeis sem testemunhas e vexamento do companheiro/a.
    Infelizmente hoje em dia o quarto, como diz o Filipe deixou de ser o "ninho"
    Licínia Costa

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  2. A privacidade não varia, com a gerações, com os hábitos com a comunicação, a incomunicabilidade, a tecnologia e com os filmes da Disney?? Como o quarto? Antigamente usava-se o termo quarto de dormir. Hoje tudo se faz em qualquer lado, digo, já não há especificidade, desde a invenção do tlm e do portátil. Não será dormir, junto, o verdadeiro sinal de intimidade, o limite da aparente não comunicação? Não é?

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  3. A referencia ao sistema de cama quente é pertinente e bem "caçada" , pois se este sistema foi gerado pelo capitalismo industrial, foi também em 1913 e até aos anos sessenta usado nos submarinos a nivel mundial , i.e. mais do que um marinheiro partilhava a mesma cama. Mas os sistema foi considerado tão traumatizante e desumano para os que eram vitimas deste sistema que os mais recentes submarinos das classes Typhoon e Ohio já dispuseram de uma cama por marinheiro.
    È triste que em pleno século XXI se esteja a cair novamente num sistema que até as marinhas militares reconheceram como desumano. Quais os efeitos desta situação a curto e médio prazo nas familias , é a pergunta que deixo.

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