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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

2 a 1


Desleixei a depressão colectiva porque estes foram dias de casos difíceis, de momentos tensos nas psicoterapias ou nos acompanhamentos. As piores situações, e sou um psicoterapeuta calejado ( velho), são as de beco sem saída.
Por vezes, ainda que esquadrinhando todo o terreno e magicando todas as alternativas, não se consegue abanar o doente. A pessoa desesperada tende a deixar cair a razão e coloca-me um problema do caraças: como ajudar quem está tão  lúcido?
É claro que existem graus. Uma mãe que não suporta o recém-nascido, uma que  não tem a certeza se para o ano terá problemas com o IRS, um mulher  sem anqueos nem horizonte etc. Em comum, a tal lucidez: já experimentaram tudo, as balas fazem sempre ricochete.
Por outro lado, são estes casos que nos põem à prova como terapeutas. As  minhas armas ( falo por mim) são um longo arquivo de situações,  e seus desençaces,  e a confiança que vem da experiência, sobretudo a mais preciosa: a dos erros que já cometi. As malabarices psis, as teorias e o mambo-jambo  não valem aqui um tostão furado.
Depois, outra subversão à ortodoxia psi. Nem empatia nem simpatia, nem distância nem flirt com as pacientes. Aliança política, um objectivo comum perseguido sem compromissos com mais nada: Nós-2, Desespero-1.


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