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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Pais sargentos

Muitos miúdos vão começar os seus cursos universitários, o que significa, para mim, que daqui a uns meses algum aterrará à minha frente, desalentado com a escolha. A crise  mudou alguns hábitos de selecção? Talvez, mas não mudou o problema dos papás que querem o filho médico ( so to speak).
Já tive gente a desistir no terceiro  ano, já tive gente a querer mudar antes do Natal. Deixemos de lado os casos em que a opção foi inteiramente assumida pelo jovem e centremo-nos nos outros. Por que motivo  há paizinhos que escolhem o curso dos filhos?
É nas manadas de pais-doutores que tenho registado mais asneiras. Da influência pouco discreta à quase exigência, são pais que querem escolher pelos filhos. Uma variante do complexo de Napoleão: o meu menino tem de me dar motivos de orgulho, a minha menina é sobredotada.
Esta posição egótica revela quase sempre um entendimento da prole como uma extensão do ego. Frequentemente, o resultado é desastroso e o trabalho terapêutico vê-se a braços com uma dupla tarefa: resolver a sensação de fracasso e restaurar ( ou inaugurar...) a autonomia do miúdo.

11 comentários:

  1. E há os que como eu estavam mesmo a ver que a escolha era um delírio numa noite de farra e não insistiram, e ao fim de três anos vêm o rebento voltar à casa de partida, inevitavelmente amachucado.
    Enfim...

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    1. também há disso, mas nota que é preferível aprender a falhar pelos próprios meios do que em submissão...

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  2. Em certos meios não aristocráticos, a frase a seguir não me parece uma muito grande distorção da realidade:
    "(...)estuda para seres um senhor que eu mato-me todos os dias, eu sou escravo de um senhor para te dar um futuro nem que seja aparente.(...)"

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  3. São os paradigmas familiares do "sucesso", que até têm alguma variabilidade. No meu caso a pressão era para ser médica, advogada ou farmaceutica, desde que fosse lucrativo: sou filha de comerciante.

    Contrariei e não me arrependo. Mas hoje sei, por exemplo, que a minha rejeição da medicina foi precoce. Foi por reacção.


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    1. tenho de perguntar: cursou o quê ( se cursou)?

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    2. Cursei Eng. Física e doutorei, em Física.
      Sou investigadora, mas fui bolseira durante 12 anos.
      Olhando para trás, compreendo que o meu percurso não encaixaria no tal paradigma da minha família.




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  4. Os miúdos já não se deixam convencer com essa facilidade, a maior parte manda os egos dos pais às urtigas. As questões são outras e igualmente capazes de levar os jovens adultos ao divã - tirar o curso para quê? Alguma vez terei oportunidade de trabalhar na área? Excepção aos mestrados da Católica e da Nova que parecem levar directamente ao êxito, pelo menos é assim que são vendidos.
    ~CC~

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