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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Da ira : body language em italiano

Pozzecco é um ex-basquetebolista e  actual treinador de renome.
A ira raramente nasce de um raio. Vejam o filme com atenção. A linguagem verbal é o menos importante. Começa por dizer que defrontou uma equipa muito forte, refere  a pontuação do cameponato, explica que os seus rapazes  fizeram uma viagem cansativa;  depois diz que sabe perder e ganhar, continua dizendo que sempre saiu de cabeça erguida  no final dos jogos, para terminar em  en rage, queixando-se de lhe terem faltado ao respeito ( o treinador adversário).
A linguagem não-verbal é muito mais sumarenta. Notem que ele vem de papel e três pontos. Como um condómino com contas a ajustar com os restantes. Os olhos  são pardais, as narinas abrem ( efeito da noradrenalina) como as de um touro. Está  aquecer. Uma hesitação:  coça o cocoruto da cabeça, sinal universal de compromisso desconfortável  ( reparem quando o vosso interlocutor/a referir de passagem que comprou um Mercedes ou cita Heidegger).
Minuto 1.50: Faz uma pausa:  está a anunciar um princípio de vida. A pausa é acompanhada por um sorriso amarelo. Minuto 2.14: notem  a boca. Os maxilares  mexem-se  como se fossem culatras que introduzem uma silver tip na câmara da arma. Quando a ira sai já é tudo muito visível.
O aspecto mais notável é a fala das mãos. Até ao minuto 2.52, estão entrelaçadas. A mão direita começa soltar-se, aponta ( nomeia, ameaça)  e termina  num murro sobre  a mesa. O minuto 2.52 é aquele em que Pozzecco começa  a falar  de quem lhe faltou ao respeito.

10 comentários:

  1. o pozzecco foi um bom jogador da squadra azzurra, apesar de ser um base baixo. medalha de bronze nos jogos olímpicos, já não recordo quais. sempre teve uma postura em campo de muita garra e uma ou outra loucura. como treinador é fraquinho: o ferentino, equipa que ele treina, joga na liga gold, de basquetebol amador e está abaixo de metade da tabela. de todos os modos, parece que o rapaz, antes da conferenza stampa, terá ido ao balneário dos adversários e vociferou umas blasfémias (como sabes os italianos são exímios na arte da blasfémia) e arreou uns empurrões no coach da orlandina... enfim.
    a análise que fazes está ok. de resto, o pozzecco é um case study ;-)

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    1. hummm...mais comum do que julgas( e sim tb se encaixa no case study).

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  2. vê aqui o artista: http://youtu.be/VupbMObCSEc

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  3. Estas evidências aborrecem-me, logo - doravante - tratá-lo-ei por tu, Filipe.
    "Body language, body language", mas é evidente, claro, transparente!
    Basta pensar naquele/a interlocutor/a finlandês/a (isto aconteceu a todos nós), por excelente que fosse o Inglês, para concordarmos.

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  4. Nem sempre é tão transparente, Alexandra.
    Trata por tu, por ti, por tó: mi casa es su casa.

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  5. Não sei a linguagem não verbal é muito mais sumarenta. Já ao 1.03 (do video) tinha verbalizado a raiva, usando a palavra coglioni: segnando un canestro Guarino coi coglioni. Parece-me que é o que ele diz.
    Gosto contudo do toque de tirar pó ou fios imaginários da folha uns segundos antes.

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    1. Neste caso, claro, porque noutros a verbal é deliciosa.

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  6. Insisto na transparência (leitura, leitura, leitura),devidamentte não aspada, que é como começa toda a aprendizagem (individual, colectiva), independentemente daquilo que nos digam/recomendem/imponham/permitam/etc.

    Não é à toa que gosto muito de te ler desde que iniciaste este blogue (suponho que isto aconteça com mais gente) e me eras praticamente indiferente no teu registo nos outros blogues.

    A aprendizagem, como sabemos, é um processo contínuo e ainda bem :)

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    1. praticamente...passa a total nas coisas de bola sfff.

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  7. mi casa es su casa...(reticiências linguagem não verbal ;)

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