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terça-feira, 2 de junho de 2015

Manual de sobrevivência ( 40)

Você só me vem com filosofias complicadas e análises. Quero directrizes, coisas práticas. O que tenho de fazer para deixar esta porcaria de vida?

Morrer. É prático.
Em alternativa, deixar de desejar. Também é prático. Pois, pois, bem sei... há sempre um homem, um lugar na administração, um par de sapatos. Apesar de tudo, é possível. Desejar é uma roleta. Ganhemos ou percamos, queremos sempre mais.  Se a vida nos corre bem, o jogo é inofensivo, mas se  a vida está má o jogo é letal.
Não desejes nada. Tudo que conseguires é inesperado e surpreendente. Aprenderás então a dar-lhe o justo valor.

9 comentários:

  1. uhmmmm... aquele par de sapatos que não me sai da cabeça :P

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  2. O estoicismo tem um custo. A insensibilização. É quase um convite a deixarmos de ser pessoas.

    Nos dois a seguir a ler o "Enchiridion" senti-me nas nuvens. Ouvia os ruídos da rua e soavam-me a música. No trabalho, conseguia "fazer uma coisa de cada vez", sem ansiedade. E se havia merda à vista, não sofria por antecipação - porque estava preparado para o que de pior que me pudesse acontecer. Apenas desejava que as coisas acontecessem como aconteciam e não me desiludia.

    A euforia durou até perceber que não conseguia ser pessoa sem vontades, sem medos, sem uma escala de intensidades de sentimentos sobre o que acontece e sobre o que pode vir a acontecer.

    Percebo a utilidade do estoicismo se somos prisioneiros do Estado Islâmico e apenas aguardamos pelo dia da espada. Temos uma existência unívoca e anestesiamos o nervo. Mas nesta sociedade semi-industrial, semi-urbana, semi-pacífica, em que parece que ainda temos a obrigação de viver de uma forma, como dizer, rica em cores e texturas, para que serve?

    Eu queria voltar a sentir o que senti naqueles dois dias a seguir a ler o Enchiridion. Onde errei?

    P.

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    Respostas
    1. eh lá... grandes e bons tiros : o 1, 2 e 3) ; ao lado o 4.
      pergunta final de chupeta, parabéns.
      com tempo, o ponto 1.

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  3. o não desejar nada também não me convence...eu que até faria profissão de fé ao desejo...é arranjar é arcaboiço para o fracasso e a desilusão...e aprende-se vivendo.

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  4. sigo uma alternativa semelhante: não contrariar o desejo mas tornar o caminho apontado por ele o mais agradável (e divertido, e estimulante) possível. e se não lá chegarmos paciência, ao menos a caminhada foi porreira. e não ter grandes expectativas, e se apontamos para 10, é provável conseguirmos 5, e já valeu a pena.

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  5. Outra hipótese que não requer grandes filosofias: correr e ou exercício todos os dias, duches frios, música nos ouvidos, fruta, erva, alcool, café em moderação. Depois é pensar, ler, imaginar, criar, socializar, flirtar.

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  6. POr estes lados, tudo o dito nesta última linha é aceite. Para uma operarária, que outra vocação? Apesar de a regulariidade poder não ser o forte, o motor de trabalhar é conseguir ver, chegar um dia a dcidir, um dia, quem sabe. Que outra beleza? Mas até conseguir armar o seu jugo, é preciso dar muitas voltas.

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