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terça-feira, 28 de maio de 2013

Dolente

O estudos de Bonanno sobre a resistência  à perda e à dor ( pode fazer o download aqui) apontaram a personalidade prévia hipertímica e a boa rede de apoio como os factores essenciais. Ou seja, pessoas que entendem que se pode aprender com as coisas más, que apostam nas relações  pessoais  e que , por via disso, se rodearam de um círculo amoroso, ultrapassam melhor  as derrotas e as tragédias.
Há mais. Crescer com a tragédia e com a derrota  implica incluí-las no roteiro da nossa vida. Não se trata , portanto, de optimismo. Do meu ponto de vista até está mais próximo do realismo depressivo. A vida é uma longa história de sofrimento, avisava Schopenauer, aviso que afixei  na badana de um dos meus livros. Et pour cause.
Podemos  prever, na situação actual, quais as pessoas que vão resistir melhor? O jogo é apertado, porque envolve factores demasiado centrados no ambiente económico e social. Pelo que tenho registado, a dose certa de  realismo depressivo ( ver as coisas como elas são) combinado com a aprendizagem permanente pode funcionar.
O problema é que  a realidade está muito pesada e a aprendizagem com as situações perigosas torna-se água  num vaso de areia. Dito de outro modo, os psicólogos são traídos pelas constantes e não pelas variáveis.

4 comentários:

  1. Boa tarde,

    Interessante o estudo e o seu comentário.

    Numa sociedade mais egoísta (maridos e mulheres concentrados nos seus umbigos ou como creio ter lido num post seu, numa visão de casamento vindo das novelas brasileiras) o padrão de "inexistência de luto ou dor" será cada vez mais frequente? Ou seja, o aumento de divórcios e o aumento de "resistentes à dor" poderão ter a mesma raiz?


    Cumprimentos,

    AS

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  2. Como dizem os dos colóquios, pertinente questão.
    Agora a sério: não.
    Pelo que vejo na consulta ( cada vez mais fluoxetina & derivados) é a fragilidade que impede as alianças.
    Vou desenvolver,
    obrigado pela participação.

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  3. Eu não vejo rigorosamente nada na consulta (não frequentei, até hoje, quaisquer consultórios, quero eu dizer) e não leio os manuais que lê, mas tendo a aperceber-me, com o tempo (eufemismo para idade), que a fragilidade só impede as alianças quando não se aprende a constitui-la em força ou, recuperando as suas palavras:

    Crescer com a tragédia e com a derrota implica incluí-las no roteiro da nossa vida.

    Provavelmente (por parecer forçado, embora eu não o considere) fora de contexto: também aqui a perspectiva é mais cultural e filosófica, como alguém mencionava no DeQ.

    "Resta" dizer que não interpreto "círculo amoroso" como se convencionou interpretar, mas sublinho que desconheço a sua interpretação.

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    Respostas
    1. Sim, fui eu que comentei isso no DeQ: por isso fujo, sempre que posso, à psi.
      Tenho uma outra perspectiva, mais pessoal, porque já me morreu um filho e já tive cancro.Neses sentido, círculo amoroso pode ser a roda de pessoas que nos cuidam mas que temos também de cuidar. E isto dará pano para mangas.

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