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domingo, 3 de maio de 2015

Manual de sobrevivência ( 23)

Vou ao cemitério de vez em quando, mais por obrigação do que por outra coisa. A falta que ela me faz é aqui em casa, foram quarenta  anos juntos. 
Evita as fotografias. Estou convencido de que há lá sempre um diabo, sobretudo  nas emolduradas.
Esta é a situação  que nos devia autorizar à psicose. Servir-lhe  uma salada de maçã e queijo fresco, ir à  praia, dar-lhe  a mão e borrifá-la com água bem salgada. À noite,  deitar a cabeça na almofada ao lado dela e sorrir.
A alternativa é lavar os  dentes todos os dias e receber os elogios pela compostura.


2 comentários:

  1. Não seria de grande consolo, saber que, para alguém pelo menos, esse sofrimento representa uma réstea de esperança na humanidade. Que seria disto tudo, se não houvesse esse sofrimento? Mesmo sabendo que vai resolver-se e deve resolver-se.

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  2. As fotografias estão na gaveta. Talvez volte a olhá-las quando me estiver a sentir para ir no mesmo caminho. Se for de repente, ficarão na gaveta. Se olhar para elas agora, não estarei a olhar para mais lado algum. Julgo que é isto. No entanto, tenho sobretudo fotografias de paisagens.

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