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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Quanto mais te bato menos gosto de ti


Nos casos portugueses, segundo o pequeno arquivo que tenho feito, o motivo  mais vezes referido  para justificar o assassínio da mulher é  a recusa da separação ou do divórcio. Como todos sabemos, isto é falso.  Na esmagadora maioria desses casos, a violência foi prévia à separação. Numa lógica intratável, o assassínio  é  a última e coerente etapa.
A mudança ainda vai a meio caminho. Pergunto-lhes muitas vezes por que motivo não reagiram à primeira bofetada. Respondem, invariavelmente, que foi só uma bofetada. É o que se chama reforço positivo: bato-te mas depois abre as pernas.
Ora, a violência inaugural é isso mesmo, uma inauguração. No cérebro deles começa a formar-se uma perigosa associação. Podem bater-lhes, porque sim ( um juizo hegeliano da força como critério de correcção) e tudo fica na mesma. É preciso vegetar nas teorias pacóvias da perversa influência social sobre a bondade humana ( não culpar Rousseau, que apenas disse que o homem  tinha a capacidade de se tornar melhor se erigisse melhores  sociedades) para não entender isto.
Pior ainda, quanto mais lhe batem menos gostam delas. Não se deixem enganar pelo "não sei viver sem ti" Leiam antes: "só sei viver se te puder fazer a ti o que não faço à colega de trabalho das pernas boas".

3 comentários:

  1. Quanto mais ela reprime, mais forte ele fica. Mas que pode ela fazer? Está velha e gorda. Está em sobrevivência, tem filhos para criar e não tem outra casa onde morar. Cortou os laços com toda a gente por causa dele. A quem pode ela pedir ajuda sem criar um escândalo e arranjar mais um problema: a exposição social? Há situações absolutamente dramáticas de casamentos de fachada e paz podre e outras de mães solteiras que tiveram a coragem de virar a mesa mas que agora estão com os filhos no limiar da pobreza: de todos os tipos a pobreza... Estas situações magoam-me e existem à escala planetária, na cidade e na aldeia, na índia e no Médio Oriente. É também dentro da família que se encontra o melhor e o pior do ser humano... O feminismo não funciona...

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  2. "Nos casos portugueses, segundo o pequeno arquivo que tenho feito, o motivo mais vezes referido para justificar o assassínio da mulher é a recusa da separação ou do divórcio. Como todos sabemos, isto é falso. "

    Não é tão falso assim, Filipe, nem tampouco colide com as afirmações que faz posteriormente, mais ou menos de acordo com a sua prática clínica. O direito de propriedade de um saco de pancada é meio caminho andado para a afirmação de poder destes invertebrados, ao menos enquanto não se substitui por outro. Casos, quem os não conhece, mais que muitos?

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  3. Fez-me lembrar o dia em que recebi a primeira tareia! Pensei que era merecida. Fiz no entanto uma promessa e uma ameaça: não voltaria a aceitar que me batesse novamente. Ainda hoje penso que a mania de cumprir com a palavra dada me salvou a vida.

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